USHUAIA DE MOTO


Uma homenagem ao meu Pai. Que foi um dos maiores apoiadores das minhas viagens

Partiu! Uruguai! #SQN

Saímos cedo rumo à fronteira, cerca de 885km. Em Osório/RS viramos para a esquerda e fomos em frente. De Palmares do Sul até São José do Norte, pense em uma região com vento, lembra muito o deserto do Atacama, mais de 200 km de percurso com vento intenso e arrisco a falar que o vento estava mais forte do que o da Patagônia Argentina.

Ushuaia_RS
Rio Grande do Sul – A produção de energia eólica dá muito certo. O vento não para.

Pegamos uma chuva chegando em São José do Norte/RS por volta das 17h e aí tivemos que esperar a balsa para atravessar para Rio Grande/RS.

Ushuaia_Balsa_Rio Grande
Balsa em São José do Norte/RS

Ushuaia_Balsa São José do Norte_RSUshuaia_BalsaUshuaia_Balsa-São Jose do Norte_Rio grande do Sul

Ushuaia_Balsa_Rio
Travessia do Rio Grande

Durante o dia conversei com o Ednilson Beda para tentar um contato com algum motociclista da região e ele me indicou o grande Assis Maurício de Santa Vitória do Moto Clube Guardiões do Asfalto que nos recebeu em sua casa para um café!

Assis nos recebeu em sua casa para um café

O Assis me deu uma dica muito importante: Não atravesse a Região do Taim à noite.Com certeza essa dica salvou nossa viagem.

Taim é uma estação ecológica com rica fauna e flora, em miúdos, muitos animais na pista e no ar. Resolvemos dormir em Rio Grande mesmo, foi uma decisão acertada porque choveu muito naquela noite, e no outro dia partirmos para o Chuí/RS, fronteira com o Uruguai.A região do Taim é linda! Valeu muito passar por lá!

Finalmente Uruguai! \o/

Chegamos à fronteira por volta das 10h30 e fomos direto pra casa de câmbio trocar dinheiro. Nossa previsão era passar dois dias no Uruguai saindo do Chuí até a cidade de Colonia del Sacramento.Chui_Uruguai_Ushuaia

Fronteira Chui_Uruguai
Fronteira no Chuí/RS –  Brasil /Uruguai

A documentação para atravessar a fronteira do Uruguai é a mesma para os outros países: Passaporte, Documento da Moto e Seguro. Esse último é muiiiito importante, é a famosa CARTA VERDE.  Sem ela você não entra no país, eles pegam muito firme nisso. Um dia antes conversamos com motociclistas que voltaram porque estavam sem.

Uruguai_Ushuaia
Tinha uma empanada de cebola muito boa tb

Um olho na estrada e o outro no céu

Depois de rodar pelo Uruguai cerca de uns 40km comecei a ver uma placa que nunca tinha visto na vida.

Comecei a achar estranho, mas de repente a rodovia que era estreita ficou larga.

Pista de pouso de Avião no meio da Rodovia no Uruguai
Pista de Pouso de Emergência de avião na Rodovia

Sim! Eu estava em uma pista de pouso de emergência de aviões, ali na rodovia! Achei isso demais!

A famosa Punta Del Este

As estradas do Uruguai são muito boas, bem sinalizadas, com boa infraestrutura de abastecimento e alimentação. Em falar em combustível, a gasolina por lá é mais cara que no Brasil cerca de 50 centavos, mesmo a NC sendo bem econômica, dei uma segurada na mão.

Posto de Gasolina no Uruguai
Posto de Gasolina no Uruguai – A gasolina é mais cara que no Brasil

Fiz vários vídeos da viagem com uma Go Pro, imagens lindas de Punta del Este, mas infelizmente perdi a câmera na Argentina ☹ .Já na cidade fizemos a foto clássica!Punta Del Este_Uruguai_UshuaiaA segunda mão que visitamos! Já que um ano antes visitamos a mão do deserto no Atacama/Chile. De lá partimos para o famoso Museu Casapueblo. Tem uma taxa de visitação para conhecer o local, cerca de R$40,00.CasaPueblo_Uruguai_UshuaiaCasaPueblo_Uruguai_Ushuaia_CarlosALIVE_Vivos_Acidente nos Andes de AviãoCasaPueblo_Uruguai_Ushuaia_A Casapueblo foi projetada pelo arquiteto Carlos Páez Vilaró, em paralelo com o Brasil seria o Oscar Niemeyer do Uruguai.Carlos Páez Vilaró é pai de um dos sobreviventes do acidente aéreo da Força Aérea Uruguaia Voo 571 que caiu nos Andes em 13 de outubro de 1972 que foi retratado no filme Alive – Vivos. Tem no Netflix.

Pablo Picasso e Carlos Vilaron
Pablo Picasso e Carlos Páez Vilaró

Pelo museu você encontra uma “gataiada” andando pra lá e pra cá.CasaPueblo_Uruguai__UshuaiaCasaPueblo_Uruguai__Ushuaia_Vista para o MarCasaPueblo_Uruguai_Ushuaia_CArlosVilaron

Montevideo – A cidade mais brasileira do Uruguai

Partimos rumo a Montevideo. Chegamos por voltas das 16h. Acho que nunca tinha passado um frio tão grande na beira do mar. A gente se tremia com um vento muito gelado porque até então ainda estávamos com roupa de calor.

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Que friaca nesse monumento! Estava mais frio que no Ushuaia

Nesse ponto turístico eu estava esperando as pessoas tirarem foto. Chegou uma moça rasgando no espanhol, eu falei pra ela: Fica tranquila eu sou brasileiro!Ela riu e disse que a turma dela era de São Paulo hehehe Para todo lado que você olhava tinha um brasileiro, a gente quase não ouvia espanhol kkkk Não dava para prosseguir com aquele frio resolvemos ficar em Montevideo e reservamos uma hospedagem pelo Airbnb. Fomos!

Fomos surpreendidos! Não acreditamos!

A hospedagem tinha um nome de planta. Chegamos e o anfitrião nos atendeu super bem, nos mostrou o quarto e disse a senha do Wi-Fi que também tinha um nome de planta. Tudo pela hospedagem estava relacionado à planta, mas o engraçado é que não tinha nem uma Samambaia, Espada de São Jorge, Margarida, Suculenta, nada, nenhuma planta!

Ficamos no sobrado e descemos pra recepção porque a água não esquentava e lá tinha uns três caras, advinha. Brasileiros!

Perguntei para eles porque tudo tinha nome de flor na hospedagem, eles riram e falaram: Vem aqui! Fomos até a sala e …

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ushuaia_montevideu_maconha

Sim. É isso mesmo que você está pensando!

Eles me explicaram que em 2013, no governo de José Mujica, a maconha foi liberada para fins recreativos ao público. A legislação permite três formas de acesso à maconha com fins recreativos: a produção residencial ou o autocultivo, com até seis plantas por pessoa; a produção cooperativa em clubes de usuários; e a compra em farmácias.

Isso são aquelas surpresas de viagem! E que viagem!

Saímos para jantar e experimentar a famosa parrilla uruguaia!

No dia seguinte partimos rumo a Colonia del Sacramento e depois Buenos Aires.

ruas de montevideoeleições uruguaias_decoração

Nessa época o Uruguai estava se preparando para eleições presidenciais. Por isso o motivo das bandeiras.

Antes da viagem, meu amigo Heraldo de Vinhedo/SP meu deu várias dicas, inclusive me ajudou a planilhar o roteiro. Em uma dessas dicas ele disse: Experimente o queijo uruguaio, é um dos melhores do mundo!

Paramos numa vendinha no meio da estrada e fomos comprar o queijo!

Queijo_uruguaiQueijo_Uruguaio

O que foi engraçado é que a Cida foi comprar o queijo e eu fiquei do lado de fora, esperando. Um carro parou e o motorista, um homem de uns 50 anos veio falar comigo. Perguntou se eu era brasileiro e se estava indo para Colonia del Sacramento. Em seguida voltou ao carro e veio com um panfleto.

Panfleto de Casa de Maconha no Uruguai

Ele nos convidou para ir até ao comércio de maconha dele em Colonia kkkkkkkk. Ligou para a mãe dele na hora e disse que estávamos indo e que ela iria nos receber! Gente!? Literalmente, QUE VIAGEM!

Seguimos rumo ao porto e aduana para pegar o barco rumo a Buenos Aires!

Em Colonia tem duas empresas que operam essa travessia que dura uma hora: Coloniaexpress e Buquebus . Nós fomos pela Colonia Express que é mais barato. Você pode acessar aqui:

Coloniaexpress

Dá pra reservar com antecedência, além de mostrar o valor em Real.

A aduana fica no porto. Tem que fazer todos os trâmites em Colonia. É tudo muito bem organizado e já faz as duas aduanas, a saída do Uruguai e a entrada na Argentina.

Colonia Express_Viagem de Moto_ushuaiaColonia Express_Viagem de Moto_ushuaia_buquebus_buenos airesColoniaexpress_buquebus_uruguai_colonia

Argentina – Buenos Aires

Logo que chegamos na Argentina, antes de sair do porto, fomos parados. O guarda achou que a documentação estava irregular. Já deu aquele medinho! Ele começou a ligar pra lá e pra cá e enquanto isso os carros passavam. Esperamos por cerca de 10 minutos, ele voltou e disse: Bienvenido a Argentina!

Ufa!!!

Saímos do porto e estávamos felizões. Pô a gente estava em Buenos Aires, cidade histórica da América do Sul e de repente, uma blitz! Pararam a gente! Ah não!

Estavam parando apenas moto. Uma policial estava no comando e pediu os documentos, dei o passaporte e o doc da moto. Eles olharam, perguntaram para onde íamos, falei Ushuaia e ela disse Uau! Boa viagem!

Depois da visita à Casa Rosada partimos para o Banco Central para cambiar o dinheiro. Lá tem a melhor cotação para trocar o Real. Só tenha paciência para esperar. É demorado e eles têm muito cuidado com a segurança.

Banco Nacional da Argentina_Buenos Aires_Ushuaia_Cambio na Argentina

Banco de La Nacion Argentina

O caldeirão – La Bombonera

Em Buenos Aires resolvemos deixar a moto no estacionamento e passear de Uber. Na época o Uber não era regularizado e os motoristas circulavam no off, com medo dos taxistas.

hotel em buenos aires_hostel

O elevador do hostel estava quebrado. Imagina subir de escada com os baús. Perrengue!

empanadas em buenos aires

De Buenos Aires partimos rumo a Puerto Madryn mas com parada em Bahia Blanca para dormir.

Baia Blanca_Ushuaia

No caminho encontramos um indiano que estava fazendo a América do Sul, veio pela Colômbia.

Colega indiano_ushuaia

Puerto Madryn – Moraria fácil!

Puerto Madryn é aquela cidade que você passa por ela sem vontade de ir embora. Fiquei encantado com a tranquilidade, a comida, a fauna e flora, a geografia (a cidade é plana), o clima, ou seja, é aquela cidade perfeita para viver! Recomendo fortemente que você coloque essa cidade no seu roteiro de viagem.

Nos hospedamos pelo Airbnb, super tranquilo e um preço bem acessível. Devidamente instalados fomos dar uma volta na praia e comprar os tickets para o passeio do dia seguinte.

Depois fomos jantar. Pesquisei na internet e vi muita gente recomendando a Cantina El Nautico. Fomos.

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É um restaurante meio chique, mas com preços acessíveis. Justamente por isso lota, então ficamos na entrada esperando abrir para tentar jantar. Lá eu comi a melhor paella da minha vida! Com certeza valeu a pena!

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Como bom brasileiro tive que pedir um espeto…só que de camarão. Comemos muito bem e nessa noite acredito q gastamos no máximo uns R$100,00. Gostamos tanto da comida que voltamos no outro dia.

No dia seguinte partimos para o passeio para ver pinguins, baleias, leões-marinhos e golfinhos em Puerto Pirámides na Península Valdés e Punta Tombo. O passeio custou cerca de R$200,00 por pessoa, tem várias empresas na orla da praia. A van veio nos buscar bem cedo na hospedagem.

O passeio conta com um guia que vai explicando acontecimentos históricos da região e sobre a fauna e flora. Vai parando de local em local.  Valeu cada centavo. Recomendo contratar o passeio. Dá pra ir de moto também, mas como Puerto Pirâmides é dentro de uma reserva, tem uma parte burocrática pra resolver antes de entrar.

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Aqui é um santuário para os pinguins. Eles vêm se reproduzir nesse lugar. Já estão tão acostumados com os turistas que só falta dar tchau!

Nesse momento fomos agraciados!

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Lembra que eu falei que voltamos ao restaurante no outro dia. Pois é! Tudo fresquinho, me falaram que inclusive pescavam os peixes quase todo dia ali no oceano que fica no quintal.

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Nos despedimos de Puerto Madryn com dor no coração e partimos para Comodoro Rivadavia.

A maior decepção que a HONDA me deu

Saímos cedo pra chegar em Comodoro Rivadavia antes do almoço para ir à concessionária fazer uma revisão para continuar a viagem. O bacana da Honda é que você sempre encontra uma loja em qualquer lugar. Aceleramos e chegamos umas 11h.

Na oficina tinha um atendente e expliquei a situação, que estava vindo do Brasil e precisava fazer a revisão pra chegar ao Ushuaia. Simplesmente ele virou para mim e disse que não dava pra fazer porque era sábado e não tinha mecânico. Até aí tudo bem, perguntei se poderia pelo menos trocar o óleo, ele disse não e virou as costas. Totalmente desinteressado sem nenhuma vontade de ajudar. Fiquei puto. Primeira vez que a Honda me decepcionou, mas blza, vamos pra frente.

Em Comodoro Rivadavia encontrei uma outra oficina de uns caras gente boa! Colocaram a moto pra dentro na hora e deram um talento! Fizeram a manutenção e foi super tranquilo, num preço justo.

Recomendo essa oficina de moto em Comodoro Rivadavia!

Dormimos em Comodoro Rivadavia e partimos cedo para Rio Gallegos. Último destino antes de atravessar a fronteira para o Chile.

Vista do hotel!

 

Rio Gallegos, última cidade antes de atravessar a fronteira

No dia seguinte partimos para Rio Gallegos, são uns 700km, mais ou menos. Lá nos hospedamos pelo Airbnb e nosso anfitrião foi o Fabian, um cara muito gente boa que sempre recebe motociclistas que estão indo em direção ao Ushuaia. Ele foi muito cuidadoso com a gente, nos ajudou com comida e para finalizar guardou a moto na sala da sua casa.

Levantamos cedo e partimos rumo a fronteira com o Chile, a estrada não era muito boa e cheia de buracos grandes que com certeza podem acabar com a viagem. O trajeto é rota de caminhões.

Complejo Fronterizo “Integracion Austral”

Seguimos viagem e as rodovias do Chile dão show. São perfeitas e dá pra andar bem, fizemos um abastecimento antes de pegar a balsa. No Chile tudo é mais caro, inclusive gasolina. Não trocamos dinheiro porque o tempo era pouco e resolvi usar o cartão de crédito.

A tarifa da balsa num deve dar R$10,00 e o legal é que eles aceitam a moeda argentina.

Agora era continuar viagem até à fronteira coma Argentina hehehe.

Paso Fronterizo San Sebastian

Na época saindo dessa aduana, a estrada era de brita, por uns 7 km até pegar o asfalto.

Quando avistamos neve pela primeira vez foi só alegria!

USHUAIA – FIN DEL MUNDO

Chegamos ao Ushuaia e eu não acreditava. É um lugar sagrado para todo motoqueiro, é meio que como ir a Meca.

Por lá fizemos alguns passeios e aproveitamos o friozinho. A nossa hospedagem era um flat e para economizar resolvemos fazer nossa comida compramos as coisas no Supermercado La Anonima. Para quem curte vinho, os preços são ótimos.

Fomos fazer um passeio de barco e escolhemos a empresa Tres Marias. Segundo as moças, essa é a única empresa que é permitida atracar em uma ilha. Fomos!O passeio para nós dois custou R$385,00.

Leões Marinhos e Pinguins

O barco atracou na ilha. A caminhada durou por volta de 1h30.

A ilha abrigou nativos milenares. É possível encontrar algumas ossadas de baleias e pessoas.

No outro dia fomos visitar o Parque Nacional de Tierra Del Fuego. Este é o famoso Correios do Fin del Mundo. Nele você pode carimbar seu passaporte, mas para minha bela surpresa, eu não levei o passaporte. Fiquei bem chateado e resolvi voltar à hospedagem para pegar o passaporte. Com pressa, na volta passei pelo portão de entrada a uns 80km/h.

Carimbei o passaporte e quando saí a polícia do parque estava me esperando ao lado da moto. Perguntou porque eu estava rápido e falou que tinha desrespeitado o limite de velocidade, que não podia fazer aquilo.

Pensei: “só falta esses caras me prenderem na Argentina!”

Eu comecei a me explicar e pedir desculpas. Falei que isso não ia acontecer novamente.

Eles entenderam e me liberaram.

Encontramos uma família de Manaus/AM.

El Calafate – Glaciar Perito Moreno

Do Ushuaia partimos para a cidade de El Calafate para conhecer o famoso Glaciar Perito moreno. Pegamos a famosa Ruta 40, estrada muito boa, como a maioria na Argentina, chegamos por volta das 16h.

A cidade de El Calafate é turística e tem uma boa estrutura de hoteleira, bares, restaurantes e compras. Lá encontramos com alguns motociclistas que estavam fazendo o sentido contrário da nossa viagem, ou seja, vindo pela Ruta 40 para voltar pela Ruta 3.

No dia seguinte partimos ruma ao Glaciar, a viagem deve dar uns 100km, eu acho. É pertinho e no caminho tem excelentes paisagens.O Glaciar fica dentro de um parque preservado. Tem uma taxa para visitação que se não me engano deve custar uns R$40,00 por pessoa.A rodovia é estreita, mas bem conservada, é possível ver a água descendo pela mata, além de alguns animais.

No Glaciar tem estacionamento, hotel e um restaurante, acho que um pouco caro, não me arrisquei a entrar hehehe

Depois é colocar força nas pernas para encarar as escadas!

O Glaciar é milenar e está descongelando e solta grandes pedaços de gelo, isso é um pouco culpa do homem. Para se ter noção, lá comercializam passeios para andar em cima do glaciar com direito a retirar uma pedra de gelo para tomar whisky.

Visitar o Glaciar Perito Moreno é uma experiência única. Tem momentos que se houve o som de trovão e aí percebemos que são os blocos desprendendo da parede.

Se você gostou, agilize para visitar o mais rápido possível!

De lá voltamos para a hospedagem passando antes pelo Supermercado La Anonima para pegar um vinho e passar a noite para no outro dia encarar os famosos Rípios Malditos.

Os Temidos 73 – Rípios Malditos

Saímos cedo de El Calafate rumo a Perito Moreno e nesse dia sabíamos que nesse dia teríamos que enfrentar os 73km de rípio entre Três lagos e Gobernador Gregores na RN 40.

Antes de viajar, nas pesquisas, todo mundo falava dos rípios, que muita gente já tinha comprado lote, vento forte etc.

Sinceramente não víamos a hora de encarar os rípios, o único receio era com a garupa, fiquei um pouco preocupado de cair e ela se machucar, mas encaramos.

Uma dica importante é que nessa região de vez em quando tem falta de combustível e os postos são longe uns dos outros. Nós levamos um galão de 5L.

Antes de começar os rípios tem um posto do lado esquerdo, antes de um vilarejo. O posto não é na beira da rodovia, tem que andar uns 200 metros. Ali enchemos o tanque e o galão.

Posto de Combustível antes dos Rípios MalditosFim do asfalto e começo dos Rípios

O vento estava muito forte nesse diaDetalhes do Rípio. São pedras soltas

Olha a cara de felicidade depois de acabar o rípio 😛

Posso dizer que o rípio não é tudo isso que o pessoal fala, dá pra ir tranquilo e qualquer moto vai. Eu fui devagar, mas fui e continuei minha viagem até Perito Moreno.

Abastecemos em Gobernador Gregores e encontramos uns motociclistas brasileiros que estavam vindo do Chile e tinham deixado todo o dinheiro lá! Ê país caro é esse Chile.

Retões intermináveis! O próximo abastecimento seria em Bajo Caracoles, mas quando chegamos lá o posto não tinha combustível. Graças ao galão conseguimos chegar a Perito Moreno no começo da noite. Estava muiiiiito frio e hospedagem na cidade é bem caro.

Cagaço na Ponte

Conseguimos um apoio na cidade pelo grupo de WhatsApp Allianza del Motociclismo. Passamos por umas estradas de terra à noite e vimos uma ponte na subida que só passava um veículo por vez. Quando entramos na ponte e o farol iluminou quase caí da moto do susto que tomei:

Tinha uma véia com roupas típicas do Peru, no começo da ponte com um cajado, fumando e jogando fumaça pra cima.

Detalhe, escuro total. Ela gritou com a gente e acelerei quase passando em cima da veia.

Aí o medo já tomou de conta e essa hospedagem não chegava. Vimos um brilho no meio da estrada e quando chegamos mais perto era um cachorro. Já estávamos vendo coisas hehehe.

Chegamos da hospedagem. Ufa!!!

Ufa nada, mal a gente sabia, mas seria uma noite de filme de terror. O anfitrião nos levou até à cabana.

Imagina essa cena à noite, sem iluminação e ventando. Estava ventando muito e um vento gelado. Fomos ao banheiro e era sinistro. Não tomamos banho. Voltamos para a cabana e tentamos manter a calma.

O vento balançava a cabana e o aquecedor não estava aquecendo nada. Essa noite foi a mais sinistra, cenas de terror. Não víamos a hora de amanhecer e vazar dali.

Amanheceu e fomos até uma padaria. Era dia de eleição presidencial e a cidade estava bem movimentada. Abastecemos e partimos rumo a Bariloche.

Rumo a Bariloche

Esse trecho foi um dos mais bonitos da viagem com cenários incríveis, vale muito a pena.

A estrada é cheia de curvas, a pilotagem é pelas montanhas, muito legal mesmo! Ficamos numa hospedagem pelo Airbnb bem confortável e anfitriões muito bacanas.

Ficamos apenas um dia na cidade, não deu pra conhecer muita coisa, as férias estavam acabando e tive que acelerar o passo.

Natureza perfeita. Saímos de Bariloche e partimos para Neuquén.

QUASE FICAMOS NA ESTRADA

Depois de comprar umas lembrancinhas em Bariloche vi que o pneu traseiro estava com mais desgaste do lado esquerdo, nada demais e tocamos pra frente.

Durante o trajeto o vento lateral ficou muito forte, pilotava a moto de lado, contra o vento.

Quando chegamos em Neuquén o pneu estava assim:

Eu estava com um jogo de pneu Michelin Pilot Road Street. Saí com eles zero de casa e não acreditava que estava assim, nessas condições não dava para continuar a viagem. Fui atrás de uma loja pra comprar o pneu, nessa cidade o horário de almoço é diferente, vai até umas 15h, tive que esperar abrir. Pra minha surpresa não achava o pneu nas medidas da NC, o lojista falou que não era comum essa medida de pneu na Argentina e que seria difícil encontrar. Fui numas três lojas e finalmente encontrei.

Pneu traseiro Michelin

O lojista trouxe o pneu Diablo da Pirelli. Estava salvo, mas sem antes ter uma surpresa.

Falei que ia ficar com o pneu, perguntei o valor e fiz a conversão. Pra minha surpresa o vendedor estava me cobrando R$1.200,00 no pneu. Pedi um desconto, expliquei a situação e nada, simplesmente falou: “Se quiser é assim.” E saiu para guardar o pneu. Infelizmente tive que pagar porque pra frente só teríamos cidades pequenas e sem chance de encontrar o pneu. Levei a facada.

Quando o borracheiro tirou o meu pneu verificou que havia um pedacinho de madeira, ou seja, estava rodando com o pneu furado. Deus foi tão bom que o pneu não esvaziou completamente e deu pra eu chegar na cidade e fazer a substituição. Dormimos na cidade e no outro dia partimos para Mendoza.

MENDOZA – A CIDADE MAIS ARBORIZADA QUE JÁ VI

Partimos para Mendoza, no trajeto passamos por regiões bem humildes da Argentina com muitos catioros.

Chegando em Mendoza começamos a observar muitas perreiras e oliveiras. Depois descobrimos que um dos melhores vinhos da Argentina vem dessa região. Na rodovia tem muitas micro indústrias de azeite, aproveitamos para trazer uns litros mesmo sem espaço nos baús. O que achamos incrível foi que em Mendoza, dentro da cidade, andamos na sombra o tempo todo porque a cidade tem muitas árvores. No Brasil, uma cidade que também tem muita árvore é Maringá/PR, talvez pela colonização japonesa.

O nosso destino era os Los Caracoles no Chile, outro lugar icônico para motociclistas da América do Sul. Partimos cedo, mas antes abastecemos e fomos calibrar os pneus. Nos postos para usar a bomba de ar é preciso pagar e não tínhamos moedas para colocar. A Polícia Argentina parou do lado e nos ajudou dando algumas moedas. A Polícia Argentina é muito solícita com motociclistas, só experiência boa com eles.

PARTIU CHILE!

A estrada é muito bonita, cheia de curvas nas montanhas.

Imagina esse lugar no inverno

Essa, com certeza é uma das aduanas chilenas mais bem estruturadas, você vai dando umas voltas até chegar em umas cabines. Eles são bem rigorosos e, inclusive, tem cães farejadores. Ali demoramos cerca de 20 minutos pra atravessar.

Da fronteira até o início do Los Caracoles deve dá uns 2km, aí é só aproveitar.

Na minha opinião a engenharia chilena de estrada é impecável. Todas as rodovias que passei são muito boas e bem sinalizadas, mas essa é uma obra impressionante. Imagina como foi a construção dessa estrada!

Essa estrada leva até Santiago no Chile, estava no nosso roteiro, mas bem nessa época a cidade passava por diversas manifestações contra o governo chileno e os policiais argentinos nos orientaram a não ir até Santiago por questão de segurança. Tiramos do roteiro. De lá partimos para o Parque Provincial Aconcagua.

A aduana argentina foi bem demorada, havia um fluxo muito grande de carros vindo do Chile. Ficamos ali por quase 3 horas para atravessar e voltar para Mendoza.

No dia seguinte partimos rumo a Assunção/PAR.

FRONTEIRA ARGENTINA/PARAGUAI

Fizemos o trecho entre Mendoza/ARG e Assunção/PAR em dois dias. Paramos para dormir em uma cidade chamada Sumampa na Argentina o trecho é super bonito passando por várias montanhas e em uma delas vi pela primeira vez um filhote de veado rapidamente e logo entrou na mata.

Região de Sumampa

No dia seguinte passamos pela região dos famosos girassóis da região do Chaco argentino.

Chegamos por volta das 19h30 na fronteira e decidimos dormir do lado argentino por questão de segurança na cidade de Clorinda. Durante a viagem estava bem preocupado, particularmente não curto pilotar à noite e ainda mais em região com muitos animais atravessando a pista. Cheguei morto em Clorinda e ainda precisava encontrar uma hospedagem porque não sabíamos se chegaríamos, já estávamos rodando 1 mil quilômetros por dia com muito calor. Enfim chegamos, encontramos um hotel e fomos jantar numa pizzaria.

 O PARAGUAI DE PONTA A PONTA

Quem já atravessou fronteira sabe que sempre tem cambistas trocando dinheiro ou casa de câmbio por perto, mas meu amigo no Paraguai eles surgem da terra como um tatu e grudam em você que nem carrapato. O cambista vai te orientando o passo a passo pra fazer a aduana para se tornar amigável e no final você trocar dinheiro com ele.

Eu ainda tinha um dinheiro argentino que dava uns R$150,00 mais ou menos, o cambista queria passar a gente pra trás oferecendo R$60,00 em Guarani, moeda do Paraguai. Falei que não queria e ele ficou bravo comigo e ameaçou falando: “Espera você entrar no Paraguai”. Fiquei bem preocupado, mas toquei pra frente.

Do lado argentino a aduana é super organizada, já do lado do Paraguai, num dá pra saber quem é quem. Aduana desorganizada, suja, pessoal de fronteira de bermuda, se passar um mendigo e sentar na cadeira ninguém nota a diferença.

Liberaram nossa entrada e partimos!

De Assunção a Foz do Iguaçu dá mais ou menos uns 330km. Nos dias anteriores estávamos rodando na casa dos 1000km por dia e pensamos que seria tranquilinho atravessar o Paraguai e que íamos almoçar numa churrascaria no Brasil. Mal a gente sabia que o dia seria longo.

Em Assunção trocamos dinheiro em uma casa de câmbio autorizada que fica em uma feira, algo assim, um dinheiro pra segurança em caso de não aceitarem cartão de crédito.

Assunção é uma cidade muito suja e desorganizada, mas passamos por uma região bonita no Lago Ypacaraí e só de beleza no Paraguai.

Entramos na rodovia e vimos muitas motos com 3 ou 4 pessoas, muitas crianças pilotando moto na rodovia e não demorou muito e passamos por um acidente de moto com crianças. O trânsito parou e pra completar a rodovia estava sendo duplicada, andávamos a 30km/h, muitos caminhões, sem ponto de ultrapassagem em um calor de 41 graus. Não consegui manter a jaqueta fechada, estava insuportável e naquela velocidade a viagem não rendia, a cada 30km tinha que parar para beber água e tomar um sorvete. Foi infernal, nunca tinha passado por isso.

Nós estávamos muito nervosos com o Paraguai. Era dia de finados e acho que eles estavam celebrando alguma coisa e tinham muitas pessoas atravessando a rodovia o que ajudava a atrapalhar.

Viajar é bom, mas ver esta placa é uma felicidade muito grande.

Chegamos na fronteira por volta das 16h e demos uma paradinha em Ciudad del Leste para pegar aquele perfuminho falsificado hehehe.

Não saí do lado da moto em nenhum momento. Pensa num lugar que tem ladrão e parece que todo mundo quer te enganar.

Ciudad del Este – Paraguai

Atravessamos a fronteira e finalmente chegamos ao Brasil! Agora estávamos em casa mesmo faltando 1000km.

E a noite sim, fomos numa churrascaria matar a saudade da comidinha do Brasil!

No outro dia partimos para casa e à noite o meu pai, como sempre fazia quando eu chegava de viagem, estava com a churrasqueira acesa. Nos abraçamos fortemente por alguns minutos e desabamos no choro. Essa foi a penúltima viagem que acompanhou. Ele sempre foi um grande incentivador das minhas viagens e passava horas ao telefone ligando pros seus irmãos contando minhas “façanhas” com muito orgulho. Ficava feliz demais por ele e ele por mim.

Infelizmente em abril de 2020 um AVC tirou a vida do meu pai. Fiquei desgostoso demais, não queria mais viajar, mas em outubro era o aniversário dele e senti em meu coração essa alegria de novo e fiz a viagem por ele até Prudentópolis/PR e Florianópolis/SC, mas isso fica para a próxima história.

Obrigado meu Pai por tudo que fez por mim e ainda faz de onde estiver.

Sempre me acompanhe e me guie! Um dia a gente se vê.

Te Amo!

Pai – Saudades!

Não é o Destino.

É o Trajeto.

Mats

 

4 comentários em “USHUAIA DE MOTO

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  1. Mats, tudo bem?

    Ainda esperamos a continuação de seu relato de viagem. Da mesma forma que você, fui em 2017 e não fiz meu blog dessa viagem…

    Seguinte, atualmente tenho uma NC 19/20, com 4.000 KM e pneus ainda estão bem. Mas, já estou me preparando para a facada quando for trocar.

    Depois da saga Technic, como está o dianteiro?

    E o principal: com qual pneu fez essa viagem a Ushuaia?

    Obviamente teve que trocar ao voltar para o Brasil. Qual o pneu atual?

    Forte abraço, boas rotas!

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    1. Oi Marcio, tudo bem? Cara! To devendo mesmo a continuação da história. Já tenho mais umas 4 viagens para escrever, mas o tempo às vezes é apertado hehe. Para ir ao Ushuaia usei um par de Michelin Pilot Road, com certeza foi o melhor pneu que usei até agora. Ainda estou com o dianteiro, mas em dezembro de 2020 fui para o nordeste e com certeza agora é hora de trocar. Na traseira to usando o Metzeler Roadtec Z6, bom custo benefício, mas acredito q a durabilidade é menor que o Michelin, mas pelo menos é melhor que o Techinic hahaha! Abs irmão!

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