Parque Nacional das Emas e Lagoa Santa/Goiás – Julho 2021

No dia 09 de julho é feriado no estado de São Paulo. É celebrado o aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932, uma guerra civil entre o estado de São Paulo e o governo federal do então presidente gaúcho Getúlio Vargas. Se quiser saber mais dá um google porque são várias versões diferentes, mas vamos ao que importa, o feriado caiu numa sexta-feira e aproveitamos para pegar estrada.

Nessa jornada quem foi meu parceiro de viagem foi o Guilherme Bordon daqui de São José do Rio Preto/SP em sua Tornado 250 venenosa.

Combinamos a saída às 5h da manhã, mas a Tornado não estava a fim de sair cedo da garagem. Dava partida e ela não funcionava, vai ver era o frio. Demos carga na bateria e até seguimos uma mandinga do grupo de “Tornadeiros”: “Joga água quente no motor.” (sim, fizemos e não nos orgulhamos disso). Lá pelas 7h a Tornado pegou e partimos.

Santa Fé do Sul/SP
PQ DAS EMAS_GO
Chegada ao Mato Grosso do Sul

Nosso destino no primeiro dia era chegar à cidade de Chapadão do Céu/GO e depois seguir para o Parque Nacional das Emas (ICMBio-Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) em Goiás, um trajeto de uns 550km mais ou menos sendo 30km de off até ao parque.

No caminho passamos pelo estado do Mato Grosso do Sul e foi uma experiência muito bacana para conhecer as paisagens, mas principalmente a região agrícola. São estradas simples e boas com tráfego de caminhões e apenas um pedágio no valor de R$5,00 para moto.

Passamos pela cidade de Chapadão do Sul com mais de 25 mil habitantes e economia voltada para a agricultura com campos planos e de terra vermelha.

Sabe o cotonete? Vem daqui 😉
Aquilo amarelo são tarugos de algodão. Estão espalhados por todo o campo

O que é interessante é que a região foi habitada com pessoas vindas do Rio Grande do Sul na década de 60, daí o nome Chapadão do Sul. Na entrada da cidade tem um monumento que é uma cuia e uma chaleira que representa o tradicional chimarrão.

A cidade de acesso ao parque é Chapadão do Céu com mas de 10 mil habitantes. A rodovia acaba e começa a estrada de terra muito bem conservada com chão batido, algumas costelinhas e sem areião. Dá pra andar bem. A estrada tem cerca de 30 km até o parque.

O parque tem duas entradas, essa por Chapadão do Céu e a da cidade de Mineiros, essa última é a entrada principal e mais famosa, é onde tem os bichos gigantes.

Chegamos por volta das 16h40. Na entrada tem um porteiro e caseiro super gente boa, o seu Julião que gosta de uma boa conversa. Ele disse que prefere falar com engenheiros, nordestinos e pessoas que entendem de logística hehehe porque ele trabalhou um tempo na Petrobrás.

Assinamos a documentação e partimos pra região de camping. São 6km de terra até lá.

Chegamos e olha quem veio nos receber…

Essa é a Preciosa é uma anta com espírito de cachorro. Ela gosta de carinho, cafuné e uma boa coçada de vassoura. Ela foi resgatada filhote por uma família da região, cresceu perto das pessoas, mas a Anta é o maior mamífero terrestre do Brasil então já viu, ela começou a causar alguns acidentes na casa e a família doou para o parque. Ela é livre, inclusive, forma casal e tem um filhote. Ela aparece nas casas do parque para comer algum petisco e receber carinho, depois vai embora. Tivemos sorte de encontrar com ela.

Quando ligamos para nos informar sobre o camping falaram que era perigoso ficar lá por causa dos animais, cobras (são mais de 1 milhão no parque entre sucuri, cascavel, jararaca, coral e outras) onças e queixadas. Falaram que os bichos passavam por ali à noite. Ficamos com isso na cabeça.

Olha o que tinha do lado da barraca

Fizemos nossa janta, no cardápio miojô com farrófa de calabresá (leia com sotaque francês) e fomos dormir às 20h30. Por volta das 22h45 comecei a ouvir um barulho como de bicho bebendo água. Acordei assustado, chamei pelo Bordon que não deu muita bola e de repente o bicho ficou cheirando a minha barraca, juro que fiquei num cagaço. O Bordon finalmente acordou, abriu um pouco a porta da barraca e viu quatro patas gigantes. O medo tomou conta dos dois, mas ninguém quis assumir kkkkkk. O Bordon ligou a lanterna e parecia filme de terror com a sombra do bicho na barraca. Ele chutou o animal e viu passando pro outro lado. Eu saí da barraca fazendo todas as orações que eu sabia, subi numa mureta e me agarrei no telhado, olhei e vi o animal deitado olhando pra gente. Adivinha quem era: a Preciosa.

Poutz até a gente descobrir foi muito sinistro. Reforçamos as barreiras colocamos moto, grade, banco, tudo que tinha o redor pra reforçar e jogamos o lixo que estava ao lado da barraca. Dica: nunca deixe lixo com resto de alimento perto de você em região de mata kkkkkkk

Nascer do dia

No outro dia partimos para conhecer o parque para tentar encontrar alguns animais nas trilhas e depois fomos para a entrada principal. Infelizmente não tivemos muita sorte para encontrar os bichos, apenas pegadas e um casal de Emas.

Mapa do Parque Nacional das Emas

Naquela semana os brigadistas e profissionais do ICMBio estavam fazendo um trabalho de queimada controlada, não conhecia, mas me explicaram que o parque é dividido em quadras e seguem um padrão de queima, por exemplo: queimam uma quadra e outra não. O motivo é que se alguma região pegar fogo, não pega fogo no parque inteiro, além de ser mais rápido de controlar o incêndio. Quando chegamos estavam fazendo a queimada controlada, mas o vento virou e pegou fogo em outra área, infelizmente, de longe dava para ver as chamas e a fumaça.

Dentro do parque só algumas estradas são liberadas para o passeio autoguiado, os demais e acredito que os mais legais têm que fazer com guia e a diária custa R$200,00.

Lá também tem passeios de aventura como boia cross, bote inflável, trilha a pé e de bike.

Quem faz é um guia chamado Nelio, bem conhecido na região, dono da agência Trilhas do Cerrado que também faz um passeio chamado Jangadão Ecológico que desce o rio de bote durante 3 dias e 3 noites e dorme no meio do mato. Deve ser bem massa.

https://www.facebook.com/trilhas.docerrado/

Contato do Nélio: 64 9975-2400

No parque tem várias nascentes e o Rio Formoso com água limpinha. É um espetáculo.

Partimos para a outra entrada cerca de 50km dali. E por lá acontece a Bioluminescência, fenômeno de emissão de luz dos vagalumes entre os meses de setembro e dezembro e só pode ser visto com guia.

Nessa região também fica o Instituto Onça Pintada do Leandro Silveira, se não conhece dá uma olhada no Facebook dele, é bem bacana e você fica horas assistindo ao dia a dia dos bichos kkkkkkk

https://www.facebook.com/leandro.silveira.iop

Voltamos pro camping.

A última visita da Preciosa, agora sem susto

No domingo partimos para Lagoa Santa/GO.Um trajeto de uns 200km super tranquilo e no meio do caminho dá pra ver avestruz da beira da estrada.

Lagoa Santa recebeu esse nome, reza a lenda, pelo poder medicinal das águas que dizem que ajuda a melhorar as dores no corpo.

Mas além disso a lagoa é muito bonita! Partimos.

A cidade é simples e a região de turismo se resume a duas ruas com restaurantes, hotel e lojinhas de artesanato. É bem bacana. A entrada para a lagoa é paga e do lado tem um camping.

Lá dentro é só curtir.

Água cristalina

Pena que ficamos pouco tempo e tivemos que tocar pra casa, ainda tinha cerca de 340km pela frente.

No caminho de volta a estrada é mal conservada com muitos buracos, num deles a roda da frente da moto entortou, foi um martírio pra chegar em casa porque a moto veio shimando o trajeto inteiro. Foi tenso, mas graças a Deus chegamos bem e com muitas histórias para contar desses três dias.

Vale a pena conhecer.

Não é o destino.

É o trajeto.

Mats

3 comentários em “Parque Nacional das Emas e Lagoa Santa/Goiás – Julho 2021

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  1. Olá, Mats.

    Parabéns pela postagem.

    Desde nosso último contato (https://motorandonc750x.com/2021/04/28/viagem-de-moto-para-o-ushuaia-argentina/#comment-1529), como está de pneus?

    Não enfrentou a terra com os mesmos Michelin Pilot Road e Metzeler Roadtec Z6, foi?

    Por pouco não troquei minha NC por uma Tracer 900 GT.

    Isso me traz de novo à questão de pneus: os pneus originais estão com 7600 KM, julgo-os com meia vida.

    Apesar de querer usar pneus semelhantes ao Pirelli MT 60, o custo me desanima.

    Sendo assim, o que nos dá de conselhos para substituição deles?

    Ainda sugere os Technic?

    Boas estradas, meu caro.

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    1. Fala Marcio, tudo bem? Foi com esses mesmos que peguei as estradas de terra o: Michelin Pilot Road (frente) e Metzeler Roadtec Z6 (traseira). kkkkk Eu estou gostando bastante do Metzeler, principalmente pelo custo benefício. Agora se puder colocar o Michelin é melhor ainda, bom de curva, chuva e durabilidade. Fuja do Technic! hahahahaha hj eu não usaria. O Metzeler é melhor, é fabricado pela Pirelli e é quase o mesmo preço do Technic. Forte abraço amigo!

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  2. Olá, Mats.

    Parabéns pela postagem.

    Desde nosso último contato (https://motorandonc750x.com/2021/04/28/viagem-de-moto-para-o-ushuaia-argentina/#comment-1529), como está de pneus?

    Não enfrentou a terra com os mesmos Michelin Pilot Road e Metzeler Roadtec Z6, foi?

    Por pouco não troquei minha NC por uma Tracer 900 GT.

    Isso me traz de novo à questão de pneus: os pneus originais estão com 7600 KM, julgo-os com meia vida.

    Apesar de querer usar pneus semelhantes ao Pirelli MT 60, o custo me desanima.

    Sendo assim, o que nos dá de conselhos para substituição deles?

    Ainda sugere os Technic?

    Boas estradas, meu caro.

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