Viagem de moto pela Bolívia, Argentina, Chile e Peru com a Honda NC 750

A maior experiência de nossas vidas

Em 2017, quando estávamos viajando pelo sul do Brasil, nossos amigos de Francisco Beltrão/PR, Davi e Elis, sugeriram que fôssemos  até à Argentina por Dionísio Cerqueira/PR, esse trajeto não estava previsto naquela viagem. Quando tentamos entrar no país fomos impedidos por falta de documentação hehe. Aquilo foi o gatilho para iniciarmos, eu e a Cida, o planejamento para A maior experiência de nossas vidas.

Uma semana depois da chegada já estávamos trabalhando na próxima aventura. Para decidir o roteiro definimos três pontos principais:

1 – Exterior

2 – Queríamos nos desafiar, testar nossas habilidades e limites

3 – Conhecer lugares que só víamos pela internet (que motociclista nunca passou horas  no Youtube vendo viagens para o Atacama? rsrsrs)

A partir desses três pilares decidimos nossos destinos: Bolívia, Chile e Peru. Cerca de 8 mil km.

Passamos um ano preparando a viagem, correndo atrás de documentação, equipamentos para Flecha Prateada (Honda NC750X), equipamentos pessoais e guardando grana (muiiiiiiiiitos fds em casa assistindo Netflix).

Marcamos a saída para 12/10/2018, dia de Nossa Senhorae a previsão do período da viagem seria de um mês.

Quem não fica tenso na semana da saída que jogue a primeira pra baixo e o resto pra cima!

Não sei você, mas eu, na semana da saída, não consigo focar em mais nada. Durmo menos, começo a repassar tudo, foco e desfoco nos exercícios, fico horas olhando a moto, vejo roteiro, penso em imprevistos que podem acontecer e como resolvê-los, ou seja, cabeça a mil, mesmo assim ainda esqueço alguma coisa rsrs!

Uma parte fundamental dessa jornada é estar com a manutenção da moto em dia (óbvio!). Durante o ano não conseguimos atingir a nossa meta de grana guardada e eu ainda precisava fazer a revisão dos 18 mil km para viagem, mas ao mesmo tempo não podia gastar grana. Foi então que resolvi passar um óleo de peroba (ainda fabricam isso?) na cara e pedir patrocínio.

Um NÃO você já tem!

O que quero dizer é: Sempre tentar! Porque se você não tentar um NÃO você já tem de qualquer forma, portanto, o máximo que pode acontecer é ganhar um SIM!

Resolvi montar uma apresentação no Power Point de como seria a nossa viagem com roteiros, lugares, distâncias, material que produziria e como isso seria bom para o patrocinador.

O meu amigo André Nogueira conseguiu uma reunião, coloquei a apresentação debaixo do braço, fiz o sinal da cruz e fui para a maior concessionária Honda daqui de São José do Rio Preto/SP, a Tarraf Danda Rio Preto .

Os gerentes estavam desconfiados no começo, mas conforme fui falando sobre esse sonho, eles que também são motociclistas, foram se imaginando nessa aventura, passeando comigo por todos os lugares. Depois de meia hora conversando me perguntaram o que ia querer e eu, humildão, falei: Só a revisão dos 18 mil km rsrsrsrs! Muito simplão neh?! Eles aceitaram na hora! Acho que eles ficaram com tanto dó que ainda disponibilizaram para a Cida um capacete LS2 e uma capa de chuva! Uhuuulll!

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Capacete novo para a aventura

Revisão dos 18 mil km NC750X – Agora sim!

A Flecha foi revisada pelo mecânico Paulão

Paulão acelerado na revisão!

Acompanhei toda a manutenção, foram revisados:

Filtro de Ar (trocado)

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O que estava e o novo

Respiro do Motor

Óleo – trocado

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Óleo Original Honda,com isso não se brinca hehe

Fluido de freio – completado

Desgaste de Pastilhas de freio (trocadas)

Sistema de embreagem

Componentes eletrônicos – todos foram vistoriados

Paulão dando uma aula sobre a manutenção da Flecha! Fiquei tranquilão!

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Valeu Paulão! A moto ficou impecável!

Apresentação Óleo de Peroba

Se você estiver com a ideia de passar um óleo na cara e pedir patrocínio para sua viagem, deixa uma mensagem nos comentários com seu e-mail solicitando a apresentação que envio, às vezes pode servir de base para você montar a sua (se puder compartilha essa aventura com os amigos tb seria demais).

Bora para a aventura!

Tudo Pronto! Partiu Bolívia!

A nossa meta para o primeiro dia era rodar de Rio Preto/SP até Corumbá/MS, cerca de 1.100km. Confesso que não sabia se eu e a Cida íamos aguentar porque o trecho mais longo que fizemos foi de Foz do Iguaçu/PR a Rio Preto/SP, 900km, e nos últimos 50km foi bem difícil.

Nossos amigos Eloi e Nice, que nos ajudaram na fase de planejamento, resolveram nos acompanhar pelos primeiros 267km até Paranaíba/MS. Nos encontramos às 4h da manhã em frente à concessionária Tarraf Danda Honda e partimos!

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A última vez que vimos rostos conhecidos em 22 dias

Em Paranaíba nos despedimos e via uma tristeza no olhar do Eloi que queria ir junto, mas não dava. Demos um abraço demorado! Eles nos desejaram boa sorte, falaram para voltarmos inteiros e que na próxima fariam a viagem com a gente. Seguimos caminho. Passamos por Água Clara e chegamos em Campo Grande às 14h. Ainda tinha mais 427km pela frente até Corumbá.

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Destemidos como o Leão hehe

Continuamos e a partir da região de Miranda começamos a ver diversos assentamentos sem-terra na beira da rodovia, mais pra frente entramos na região do Pantanal que tem muitos retões com radares de velocidade máxima de 80km/h devido à travessia de animais na pista. Infelizmente, muitos animais mortos. Chegamos em Corumbá por volta das 21h bem cansados, mas felizes por completar os 1100km no dia.

Ponte Rio Paraguai

Procuramos uma hospedagem e pedimos algo para comer. A hospedagem que encontramos era bem braba, a recepcionista não foi com a cara da Cida e nos deu um quarto em que o chuveiro dava choque rsrs.

Na volta, ficamos no hostel Road Riders que recebe motociclistas. Dormimos e no outro dia partimos para fronteira Brasil-Bolívia.

Fronteira Brasil – Bolívia

Saímos cedo do hotel, paramos no posto de combustível, abastecemos a moto e o galão de 5L que levei. Os frentistas eram muito gente boa, trocamos ideia, eles ficaram curiosos com a viagem, acharam muito legal, começaram a seguir a gente no Instagram para acompanhar a aventura (aproveita, segue a gente tb, clica aqui —>Instagram) e desejaram boa sorte.

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Galera cheia de gás de Corumbá/MS
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Poucos quilômetros para iniciar a aventura!

A fronteira da Bolívia é logo ali

Para chegar até à fronteira é só pegar a avenida principal da cidade e ir reto.

A fronteira abre às 8h. Estacionamos a moto ao lado de um ponto de táxi (único lugar que pode estacionar, você vai ver umas motos debaixo de um lugar coberto, mas o estacionamento é só para funcionários) e fomos para fila da imigração brasileira. Na fila conhecemos um casal do Paraná, Marcia e Nelson, eles estavam indo visitar a filha que estuda medicina em Santa Cruz de La Sierra, viramos amigos.

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Novos amigos do Paraná – Nelson e Márcia

Vamos falar sobre paciência

Estávamos na fronteira com a documentação completa e prontos para atravessar, portanto não víamos a hora de começar a pilotar em terras estrangeiras hehehe, mal nós sabíamos que em vez de acelerar, iríamos desacelerar enfrentando a burocracia e os trâmites legais para entrar na Bolívia.

Como entrar de moto na Bolívia, tim tim por tim tim

(Parte Burocrática, Documentação)

Para agilizar levamos passaporte em vez de RG. Com RG você pode entrar, mas a burocracia e papelada são grandes, portanto, sempre leve passaporte.

Do lado do Brasil é super rápido. Existe uma fila para quem está entrando no Brasil e para quem está saindo. Fomos atendidos, o funcionário carimbou o passaporte e desejou boa viagem. Pegamos a moto e atravessamos para o lado da Bolívia, começava a burocracia. Estacionamos a moto do lado da Aduana e fomos para fila da imigração boliviana. Foi assim:

  • A imigração boliviana é diferente da brasileira, existe apenas uma fila para quem está entrando e saindo do país. A fila é gigante e demorada.
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Paciência para enfrentar a fila na imigração boliviana
  • Entramos na fila e aguardamos. Enquanto isso aproveitei para cambiar dinheiro. Existem várias barraquinhas ali do lado que fazem câmbio e o preço deles é tabelado rsrs. Nós levamos Dólar porque é sempre bem valorizado em todos os países. Percebemos que quanto mais nos afastamos do Brasil menos o Real é valorizado. Trocamos 100 Dólares por 690 Bolivianos. Também colocamos um chip de telefone da Bolívia. Optamos pela operadora Tigo que funciona bem no país inteiro. Na Bolívia você pode registrar o chip no seu nome sem problemas, diferente de outros países que vou falar mais adiante.

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  • Na fila da imigração demoramos quase a manhã inteira. É demorado mesmooooo. As pessoas chegam 5h para ficar na fila.
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Foto tirada da Aduana. Lá no fundo dá pra ver a fila da imigração boliviana.
  • Na imigração o atendente pergunta quanto tempo vai ficar no país e para onde vai. Carimbam o passaporte e você está liberado para entrar no país. É simples.
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Imigração boliviana. Nosso primeiro contato com o Evo ali no fundo.

Entrada da moto na Bolívia

Depois que demos a nossa entrada, tivemos que dar a entrada da moto. Foi assim:

  • A entrada da moto é feita na Aduana, é um prédio de um andar próximo da imigração.
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Aduana na Bolívia em Puerto Quijarro
  • Subimos pela escada e aguardamos nossa vez.
  • Eles pedem a documentação da moto, passaporte e documentação do piloto.
  • Em seguida pedem a Declaração Jurada. Falamos: o que é isso?
  • O militar começou a nos explicar e informou que era uma declaração que só pode ser feita pela internet.

Sugiro que faça uma pesquisa mais profunda sobre a documentação necessária aqui:

http://santacruz.itamaraty.gov.br/pt-br/dirigindo_na_bolivia.xml

Pelo que entendi a tal declaração jurada é o formulário 249A. Que você pode acessar aqui:

http://apad2.aduana.gob.bo:7777/turista/parametro.jsp

É bom levar essa declaração impressa.

Mais informações você pode acessar o site da aduana que é esse:

https://www.aduana.gob.bo/aduana7/

Ainda bem que o chip de telefone da Bolívia estava funcionando, porque usamos a internet para fazer na hora. Deu bastante trabalho, o site não é responsivo para mobile e eles pedem diversas informações,  entre elas o número do motor da moto.

  • O soldado Chino nos deu um grande auxílio no preenchimento, ele foi muito gente boa e paciente.
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Soldado Chino deu uma força pra gente!
  • Na declaração jurada também precisa do número do motor. Na minha cabeça era o número que fica na bengala (este é o número do chassi) e deu bastante trabalho para pegar o da NC porque as carenagens dificultam um pouco. Fizemos uma foto com o celular e consegui pegar o número.

Mas o número do motor da NC 750X fica na direção do pedal de freio. Veja neste vídeo.

  • Com a declaração preenchida a atendente da Aduana foi até à moto para tirar uma foto do número do motor para finalizar a papelada. Pediram xerox do passaporte e documento da moto que fiz no piso térreo da Aduana. Aceitam Real e Boliviano (moeda da Bolívia).
  • Terminaram os processos, assinei uns documentos e me deram outro que é muito importante para dar saída na moto quando deixar o país. Guarde com cuidado esse documento.

Acha que acabou a parte de documentação? Acabamos essa primeira etapa por volta das 14h30. Saindo da aduana os soldados falaram que eu teria que ir 8km virando à direita para retirar mais um documento: Orden de Traslado

Fomos até o local que é a Polícia de Trânsito que fica numa esquina. Nesse local o oficial pediu minha documentação e da moto para fazer a autorização, assinou o papel e me entregou.

Preço: 50 Bolivianos.

ordem-de-traslado-da-bolívia

Para fazer todo trâmite na fronteira demoramos das 8h às 15h.

Obs importante:

NÃO viaje para Bolívia com mais de uma moto em seu nome.

Exemplo: Você tem duas motos e emprestou uma para sua esposa ou amigo viajar com você. Na fronteira só registram uma moto por nome, portanto vão lhe fornecer apenas uma autorização e vão deixar você passar. Lá na frente a polícia vai te parar e pedir a documentação, você vai apresentar apenas uma e vão te pedir das outras motos, como não lhe deram na fronteira vão confiscar as motos sem documentação e lhe acusar de contrabando (sim, da sua própria moto) e a moto vai a leilão em pouco tempo.

Apertando o passo. 647km de Puerto Quijarro a Santa Cruz de La Sierra – Bolívia

Finalmente entramos na rodovia! Ah que alívio! O nosso trajeto aquele dia era de 647km e estava bem quente. Loucura hein, mas só fomos.

Apesar da burocracia na fronteira estávamos anestesiados e felizes por finalmente pilotar pela Bolívia. A rodovia desse trajeto é muito boa, um tapete.

A Cida arregaçou na pilotagem pela Bolívia!

Andamos por uns 100km e senti que o rendimento da Flecha começou a cair, estava consumindo bastante combustível. Parei e fiz o primeiro abastecimento da moto com o galão. Fiz um funil com uma garrafa de água de 1L que usei a viagem inteira. Estava preocupado porque não sabia onde seria o próximo posto e se conseguiria comprar gasolina. Dei uma segurada na mão. Fui na boa, passando por uns paredões vermelhos que se misturavam com a vegetação, a impressão é que sempre estávamos subindo, andamos por mais uns 100km e encontramos a rodoviária de Roboré, paramos para pedir informação e nos falaram que o posto era mais para frente. Continuamos por mais uns 2km e chegamos ao posto. Parei a moto na bomba e o frentista perguntou se queria gasolina com nota ou sem, perguntei qual era a diferença e ele disse que sem nota era mais barato.

Gasolina na Bolívia

Vou falar bastante sobre a gasolina porque em cada região foi uma situação diferente. Na Bolívia, teoricamente, eles praticam um preço de combustível para bolivianos e outro preço para estrangeiros. O preço para população em média é de 3,74 bolivianos (mais ou menos R$2,00) e para estrangeiros é 8,86 bolivianos (mais ou menos R$4,70) (outubro 2018).

Na ocasião o frentista vendeu sem nota por 6,50 bolivianos. Enchi o tanque da moto e o galão.

Segundo explicação do meu amigo Deny, do grupo VMAS Pão com Ovo, a gasolina é barata para os bolivianos porque o governo subsidia uma parte do valor, sendo assim, vender pelo mesmo preço para estrangeiros seria evasão de divisas. Bem interessante!

Continuamos nossa viagem e entramos pela noite. Reduzi a velocidade porque havia riscos de ter animais na pista. Chegamos na região de San Jose de Chiquitos, paramos no posto e encontramos pessoas com estilo de fazendeiros americanos, os homens de macacão e as mulheres de vestido azul. As crianças chegaram perto para ver a moto e perguntamos se eles tinham Instagram ou Facebook, responderam que não e logo uma mulher chamou todos eles para entrar num “vagão de rodas” puxado por trator. Ficamos muito curiosos porque eles tinham perfil europeu. Perguntamos para um senhor e ele nos explicou que a região tem algumas colônias menonitas que são grupos de pessoas que vivem isoladamente e preservam costumes e tradições do cristianismo primitivo. Na colônia eles cultivam tudo o que precisam, têm escolas e em algumas internet. Segundo o senhor que estava nos explicando, as pessoas da colônia não se misturam com a população local. Uma das colônias chama Belenice.

Seguimos viagem e quase chegando em Santa Cruz havia uma barreira policial, estavam parando carros e caminhões, mas não nos pararam. As fiscalizações são intensas por todo o país. Chegamos ao nosso destino às 21h do dia 13/10/2018.

Motorando por Santa Cruz de La Sierra

Santa Cruz é uma das grandes cidades da Bolívia com trânsito intenso, mas organizado, muita gente andando na rua, diversas barracas de comida, barulho e buzina. A nossa hospedagem na cidade foi pelo Airbnb, ficamos na casa da Ivonne e da sua mãe, uma senhorinha daquelas que parece vó preocupada com tudo e tentando te agradar da melhor forma. Foi difícil achar a casa dela porque a rua (calle) não tinha no GPS, fomos perguntando até chegar.

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Ivonne – Nossa anfitriã em Santa Cruz de La Sierra

Turistando por Santa Cruz de La Sierra

Dormimos super bem e no outro dia pegamos umas dicas com a Ivonne de pontos turísticos, coloquei no GPS e partimos. Nossa primeira parada foi na Praça 24 de Setembro, onde fica a Basílica de São Lourenço, catedral de Santa Cruz. Encostamos a moto e entramos num restaurante para experimentar a culinária boliviana e pra começar pedimos uma salteña que é tipo um pastel empanado. Pensa numa comida ardida, cheia de pimentão e quente.

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Ow trem ardido!

Brasileiros – Sempre um perto de você

Depois que saímos do restaurante vimos que algumas motos estavam encostando na praça e alguns ficavam olhando nossa moto discretamente, vendo a placa etc. Nos aproximamos, e gastamos nosso espanhol: Buenos dias!

Um deles falou: – São brasileiros?

Eu disse: – Simmmmmm! Karaca! Que bom encontrar brasileiros aqui!

Ele disse que estava estudando medicina na Bolívia junto com sua esposa, mas que era do estado de Rondônia, se não me engano. Tinha também o Julio que é boliviano, mas morou bastante tempo no estado do Rio Grande do Sul.

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Julio – Boliviano, mas com coração brasileiro
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Da esq.para dir.: Julio, Espanhol, Thais o marido e Eu
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Barracas de comida! O povo sempre está mastigando alguma coisa hehe
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Por dentro da Basílica de São Lourenço

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À noite saímos para comer numa barraquinha perto da casa da Ivonne , chegamos lá e era o quê? Pollo, arroz e papas fritas. Foi nossa primeira experiência. As pessoas se juntam para comer o Pollo com a família, pra gente é como se fosse comer um lanche no domingo.

A mãe do Rastro da Serpente

Santa Cruz de La Sierra – Sucre

Quem já fez o Rastro da Serpente, trajeto entre Capão Bonito/SP e Curitiba/PR, um dos principais pontos turísticos no Brasil para os motociclistas, sabe que a serra ganhou esse nome por causa das suas 1200 curvas ao longo dos seus 260km. Agora uma rota de 486km feita em 12h, imagine o tanto de curva.

Saímos cedo de Santa Cruz por volta das 7h debaixo de chuva e aí nosso primeiro imprevisto. Entrei num posto de combustível para abastecer, soltei a bagagem e quando percebi era posto de GNV, amarrei o galão sem tanta precisão já que teríamos que parar mais para frente no próximo posto.

Chegamos no próximo posto, olhamos para trás, cadê o galão? Pois é, perdemos! De todos os improvisos que enfrentamos um que não queria era o de andar sem galão de combustível pela Bolívia. Falei para Cida que não sairia de Santa Cruz sem galão. Paramos no posto e só tinha galão de 10L, muito grande e pesado pra gente. Falei com o dono da loja até que ele pegou um galão velho de óleo que estava encostado, lavou e nos ofereceu, aceitamos e nos cobrou 10 Bolivianos, acredita?

A estrada passa por várias cidades pequenas cheias de propaganda política (isso é pesado na Bolívia).

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Todas as obras públicas têm foto de quem está promovendo

Chegamos numa subida de estrada de terra, até aí nenhum problema se não estivesse chovendo e descendo muitos caminhões hehe.

subindo para sucre
Os caminhões descem meio desgovernados

No meio da subida tinha uma escolinha e a professora estava sozinha. Pedimos para usar o banheiro e ela prontamente nos atendeu e aproveitamos para perguntar onde estavam os alunos.

Ela disse que as crianças vêm a pé de longe e quando chove fica difícil para eles virem por causa da estrada. Foi osso!

Nós: – Mas porque a senhora está aqui?

Ela: – Tenho que vir e ficar até o final do expediente.

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Professora da escolinha infantil
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A rodovia passa no meio de uma mata fechada

Continuamos a subida e começamos a sentir o Soroche (mal da altitude). Chegamos numa vila e paramos numa tienda (mercearias em casa), tomamos uma Coca-Cola e pela primeira vez tive contato com a folha de coca.

O saquinho custava 5 Bolivianos, comprei e nesse momento chegou um caminhoneiro, conversamos um pouco e ele perguntou se eu já tinha batido a coca, eu falei: amigo não sei nem como masca isso aqui rsrsrs

Do lado do saco de coca, o estabelecimento deixa um tronco, uma marreta e um pedaço de pano. O motorista enrolou a folha de coca no pano e martelou. Segundo ele, fazem isso para que os galhos da folha não cortem a bochecha. Como não gosto de discutir com quem nasceu na Bolívia e usa folha de coca a vida inteira hehehe comecei a martelar minhas folhinhas de coca 😉

A folha de coca não é mascada, é apenas deixada na bochecha. Conforme vai entrando em contato com a saliva a folha solta a substância que dá tipo uma adrenalina, é como se fosse um energético natural.

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Conhecendo a Bolívia km a km

A chuva parou, o sol abriu e começamos a passar pela Bolívia selvagem. Passamos vila por vila, km a km, começamos a encontrar paisagens incríveis e também a conhecer a realidade do país. O que mais nos impressionou foi o número de pessoas sentadas nas vilas na beira das rodovias, muitas mulheres, crianças e idosos simplesmente vendo o tempo passar, não encontramos respostas para essas cenas e talvez haja, mas o que nos marcou foi a falta de perspectiva da população que não mora nos grandes centros. Nós olhávamos para um lado e para o outro e não víamos nenhuma plantação e os rios eram todos secos. Nos perguntávamos: Gente, a população vive do quê?

Espero que haja uma resposta feliz para essa pergunta.

Você não pode abastecer no posto, foi o que nos disseram

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Moto estrangeira não pode abastecer no posto

Aqui, nós estávamos na região de Los Negros. Paramos a moto dentro do posto e pela primeira vez negaram combustível pra gente. A atendente disse que não podia vender gasolina para estrangeiro, disse que eu poderia abastecer o galão, mas não a moto. Ela disse que teria que parar a moto fora do posto porque tinha câmeras, voltar e abastecer o galão.  Sinceramente não entendo essa lógica, mas fiz o que ela falou e abasteci a moto com galão.

A quilometragem do dia parecia pouca, mas as infinitas curvas e as diversas obras nas rodovias nos atrasaram muito.

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Andamos por uns 30km assim
Estrada para Sucre Bolívia
Um pouquinho das curvas na Bolívia
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Pausa pros flashs!

No caminho para Sucre parece que você está sempre subindo, nunca para de subir e as curvas vão fazendo caracol por dentro da montanha, é muito legal! Recomendo para todo mundo que gosta de pilotar por curvas fazer esse caminho.

Nessa viagem passamos a maioria dos dias em jejum. Geralmente não comemos durante o dia por causa do sono que dá, portanto só dávamos uma beliscada em alguma coisa e comíamos à noite. Outro ponto importante é sobre a água. Só bebíamos água comprada, não tomamos refresco e não pedimos gelo. Um caminhoneiro brasileiro nos orientou a não beber a água de lá por falta de saneamento básico no país.

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Entrada de Aiquile
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Junto aos populares comendo aquele espetinho maroto com o cãofrade atento a todos os movimentos

Pausa para Cida experimentar um churrasquinho boliviano. Segundo ela, estava bom. Aqui aproveitei para distribuir muitas balas para as crianças e idosos.

Confesso que nesse dia estava morrendo de fome. Continuamos subindo e a noite havia chegado, estava bem frio, mas lá pelas 18h30 chegamos em Sucre e encontramos uma grande indústria na entrada da cidade, não sei bem do que, mas era grande, coisa difícil de encontrar na Bolívia, grandes indústrias.

Colocamos o endereço da nossa hospedagem no GPS e fomos cidade a dentro. Sucre tem muitas ladeiras e descendo uma dessas encontramos uma barraquinha, tipo de cachorro-quente. Paramos e a mulher estava preparando hambúrguer, estávamos em casa.

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Não tão em casa. Hambúrguer boliviano

É eles servem assim! Com umas batatas cozidas no meio e muito alface.

Saímos dali e continuava com fome, paramos em outra barraca mais pra frente e encontramos o trailer do Ariel, um simpático boliviano bom de conversa, coisa difícil de achar na Bolívia. Ele estava fazendo hambúrguer na churrasqueira, aí parecia mais com o Brasil.

hamburguer do la loquilla
Ariel e seu trailer Loquilla

Fomos para nossa hospedagem no Airbnb.

Chegamos ao local e as duas pessoas que nos receberam foram cordiais, um deles também era motociclista, falamos sobre a moto e depois nos mostraram o quarto. Bem diferente daquilo que tínhamos combinado, mas beleza, pra quem tá cansado qualquer cantinho serve.

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Nossa hospedagem é nessa porta onde o Suzuki está parado.

No outro dia antes de sairmos para turistar por Sucre, pedi a mangueira de água emprestada para lavar a relação da moto, foi negada e se quisesse me dariam um balde de água. Ok, aceitei. Limpei a relação e partimos pro centro de Sucre.

O centro é branco e interessante. Muita gente andando na rua pra lá e pra cá, é um lugar de prestação de serviço e comércio.

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Prefeitura de Sucre na frente da Praça 25 de Mayo
cida e o dinossauro
Não é a Mamãe!

Em Sucre tem um parque de Dinossauro, por isso a fantasia, mas falaram que é bem paia e que não valia a pena visitar.

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Aconchegantes ruas de Sucre
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Casa Presidencial da República da Bolívia

Da praça fomos até o Mercado Municipal onde a Cida arrumou um rolo com uma vendedora hehehe porque a mulher não queria ser fotografada.

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Uma das boleiras perguntou se tínhamos autorização para fotografar. Diga X!
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Feirante tranquilona aproveitando seu tricô
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Suco! Qual sabor?

Aqui as mulheres passam o dia fazendo suco. É estranho porque elas ficam no alto e quase não dá para enxergá-las.

De lá fomos almoçar.

Pollo! Pollo! Pollo!

Era hora do almoço e fomos atrás de um restaurante, andamos por algumas ruas para explorar a culinária na cidade, mas em todos os restaurantes era sempre o mesmo prato: Pollo, Papas Fritas e Arroz!

Tranquilo!

Menú:

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Arroz, Pollo Cocido e Papas

Esse foi nosso almoço. Por lá eles também tomam muita sopa de entrada.

Pela Bolívia não se vê muitos mendigos, mas quando há, geralmente são idosos. Não sei se por lá existe aposentadoria.

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Na entrada do “Jurassic Park”

Um pouquinho de Sucre

De lá fomos para o Parque Bolivar, o principal parque da cidade, bem conservado e ponto de encontro de famílias e casais enamorados.

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Se Paris não vem até mim…
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Garden Frog
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Garupa boa! Até a pé está agarradinha!
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Clube de Tênis bem do lado do Parque
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Uhuulll! Feira!
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MKT de Guerrilha
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A propaganda convenceu!
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Brinquedos de dinossauros!
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Palácio da Justiça
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Capacete de mão
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Uma coisa que achei bem interessante é a grande quantidade de livrarias e sebos.
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Jantinha de leve!

Neste lugar, a atendente falava português, comentamos que ela falava bem e nos contou que tinha feito facul de agronomia no Brasil, mas que quando acabou a faculdade foi obrigada pelo governo boliviano a voltar. Ela disse que trabalhava na área e que à noite fazia um bico no lanche.

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Sim! Eu tive que usar

E pra atendente da farmácia entender que a gente queria comprar isso! Rsrs Não posso contar! Hehe Mas guardem esse nome, remédio para escaldadura.

Nesse Airbnb, nos outros quartos tinha um casal de alemão que praticava Yoga todo dia às 17h e um casal de mexicanos, um parecia programador e a outra jornalista.

Fomos embora e pra minha surpresa, quando abri o aplicativo do Airbnb havia uma cobrança de estacionamento e de um balde de água, fiquei puto não por ter que pagar, mas por me cobrarem um balde de água e o estacionamento. Foi bem mesquinho.

Da cidade branca à cidade de sal

Sucre ao Uyuni

No outro dia saímos bem cedo rumo ao esperado Salar do Uyuni. A Flecha Prateada estava andando bem com a gasolina da Bolívia, fazendo média de 22 a 23km/l. Me disseram que a gasolina deles é pura e para minha surpresa, ela vem do Brasil.

As paisagens da Bolívia são lindas, da vontade de parar a cada curva. A sensação é que sempre estamos subindo.

Na Bolívia em nenhum momento foi cobrado pedágio de moto, mas olha como são alguns pedágios por lá.

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Tem uma corda que fecha e abre passagem enquanto a moça faz a cobrança
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Aqui me pegaram de surpresa hehe

Por lá é difícil encontrar café e a Cida é cafémaníaca, daquelas de mudar o humor se não tomar. Tentamos parar em alguns lugares e não tinha, só Pollo, arroz e papas fritas às 8h da manhã. Já estava pegando ranço. Achamos café e olha o tamanho da xícara.

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Starbucks boliviana

Devia ter meio litro em cada xícara. Também foi pra matar a vontade hehe

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Meu brother!

O garotinho ficou bem curioso com a moto, o celular e aos poucos ficamos amigos!

Outra coisa que achei bem interessante foi que as mulheres bolivianas pegam no pesado.

Mulheres Bolivianas trabalhando
Acredito que elas estavam fazendo a manutenção da praça

Continuamos viagem e chegamos até à cidade de Potosi.

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Aqui as pessoas não são tão amigáveis

Potosí, como a maioria das cidades na Bolívia fica dentro de um vale rodeado por grandes montanhas.

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Entrada de Potosi

Um pouco mais pra cima da entrada da cidade parei no posto e novamente o perrengue de gasolina. Dessa vez a atendente não queria me vender gasolina de jeito nenhum. Falei que tinha passaporte e que pagaria o preço pra estrangeiro. Foi em vão. Me disse para ir até o próximo posto.

Percebi que quanto mais entrávamos pra Bolívia aumentava a dificuldade para comprar combustível. Fomos até o próximo posto. Paramos a moto fora e fui com o galão, tinha um cara na minha frente com uma motinha, ele também estava com galão e fiquei atrás dele sem dar um pio para não chamar a atenção e pegar o embalo do abastecimento do cara. Que nada, pediram o passaporte para o cara e ele puxou conversa comigo, disse que era colombiano e que morava em Potosí e estava indo ao Uyuni fazer negócios. Ele falou que gostava do Brasil, que já tinha morado por aqui. Ele conversou com o frentista e disse pra eu comprar gasosa na documentação dele, mas mesmo assim o frentista pediu meu passaporte para tirar xerox e me vendeu 5L de gasolina. Abasteci a moto e voltei lá para comprar mais 5L, o frentista nem olhou na minha cara. Dá para entender porque não se vê motociclistas na Bolívia. Se vimos um é muito. A Bolívia é selvagem amigo(a)!

O importante é que faltava pouco mais de 200km pro Uyuni, a Flecha tem essa autonomia tranquilo, mas amigo, você está na Bolívia  e nunca se sabe o que pode acontecer. Nossa meta era ir em direção ao Uyuni e no caminho comprar combustível.

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Ficamos muuiiiiito felizes quando vimos esta placa!

Na Bolívia é muito comum você ver cachorros magros parados na beira da rodovia como se fossem estátuas e ofegantes por causa da altitude, mas não é um ou outro cachorro, são muiiiitos! Eu não conseguia entender porque eles ficavam parados em região desértica, sem nada de um lado e do outro, às vezes até à noite, até que em direção ao Uyuni eu estava atrás de um ônibus intermunicipal, e na Bolívia as pessoas têm costume de tomar sopa em saco plástico e um desses sacos plásticos foi arremessado com sopa estourando no chão, o cachorro se aproximou correndo e comeu. Taí o motivo porque os cachorros ficam horas na beira da rodovia.

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Bus de onde veio a sopa
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Catioro devidamente trajado pra friaca da noite

Confesso que estava ansioso para ver as lhamas, nunca tinha visto elas soltas em terreno aberto e quando vimos a primeira, karaca, foi muito legal!

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Amiga!

Continuamos a viagem e comecei a ver algumas placas de posto de combustível, resolvi entrar no vilarejo, andamos por ele todo e não achamos o posto, perguntamos para algumas pessoas e nos falaram que era em uma casa, pois é, vendem gasolina em casa.

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Vilarejo onde era pra ter um posto

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Posto de gasolina raiz

Seguimos viagem e começamos a descer uma serra. De repente, depois de umas curvas avistamos uma imensidão branca, não acreditávamos, mas estávamos no Uyuni. Ficamos muito felizes e começamos a gritar kkkkk, demos as mãos nos abraçamos e pensamos que estávamos chegando num lugar que só víamos pela internet. Foi legal demais.

O Mar Branco – Uyuni – Bolívia

O Uyuni é uma cidade empoeirada, deve ser pelo vento que traz o sal, as ruas são largas e vi dois postos de combustível, um que fica na entrada da cidade(mais burocrático, fica um policial no local) e outro na saída da cidade (bem tranquilo para abastecer), ao lado da rodovia.

Estávamos com fome e começamos a procurar por comida e vimos três BMW paradas num restaurante. Resolvemos parar.

Lá dentro encontramos três brasileiros gente boa demais! Eles eram de Curitiba/PR e também acabavam de chegar ao Uyuni, tinham vindo pela Argentina. Um deles estava com um puta filé no prato e legumes, chamei a senhorinha e falei que queria um prato igual, a Cida também.

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Sabe aquelas Lhamas bonitinhas? Este é o filé!

Comi e nossa, estava delicioso! Mas comecei a desconfiar daquela carne porque até então não tinha visto uma vaca na Bolívia. Resolvi perguntar.

Os amigos de Curitiba falaram:

– Cara, é carne de Lhama!

Mas como diz um colega cearense: quem come de tudo não passa fome!

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Breja boliviana – Huari

Depois do almoço partimos para nossa hospedagem. Ficamos em um hotel pelo Airbnb com café da manhã e estacionamento .

Salar do Uyuni – O maior e mais alto deserto de sal do mundo

No outro dia cedo tomamos café e partimos para pegar a moto no estacionamento. Quando colocamos o pé fora da hospedagem a rua estava lotada de barracas, de quinta-feira acontece uma feira de rua.

No estacionamento encontramos mais duas motos, uma Honda Africa Twin e outra que não conhecia. Os donos encostaram, um americano e um neozelandês. Conversamos e eles nos explicaram que haviam saído de Los Angeles, Califórnia, EUA e estavam viajando a seis meses e o destino final seria o Ushuaia/ARG. Falei que tinha um blog e eles disseram que também tinham blog e que contavam suas viagens por lá! Trocamos adesivos e eles nos explicaram como chegar ao salar.

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Normlas on advrider.com

Partimos pro Salar!

As rodovias não são tão bem sinalizadas explicando onde é a entrada, mas fomos no rumo.  Para ir até ao salar você tem que ir rumo a Colchani e ficar atento à esta placa. Nós passamos uns 20 km hehehe

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Placa de entrada do Salar do Uyuni – Vilarejo ao fundo

Você entra por esse vilarejo e segue rumo ao monumento Dakar. É bem perto da rodovia, deve dar uns 5km no máximo.

Enfim tínhamos chegado ao nosso primeiro destino. Andamos mais de 2500km para chegar até ali, mas cada km foi incrível! O Salar do Uyuni está a 3.656 metros acima do nível médio do mar e é o maior e mais alto deserto de sal do mundo.

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Foto Clássica
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Irmãos de Curitiba

No monumento Dakar encontramos os irmãos de Curitiba/PR, aproveitamos para registrar o momento!

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Monumento Dakar
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A Flecha Prateada nos levou ao Salar do Uyuni
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Praça das Bandeiras

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Por dentro do Hotel de Sal
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Homenagem às Lhamas estão por todo lado

Depois de visitar o monumento Dakar, a Praça das Bandeiras e o Hotel de Sal, decidimos ir até a Isla Incahuasi. Não há sinalização e você tem que se guiar pelos rastros dos carros, essa é a única orientação. Fomos!

Andamos bastante, mas o caminho estava com muitas costelinhas e com garupa num é legal, a Cida começou a sentir dor nas costas e como ali era só o começo da viagem, decidimos voltar.

Cuidado quando for entrar pro salar porque como tudo é branco quase não dá para ver as crateras no caminho, cair em uma delas pode ser bem perigoso.

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Você pensa que tem buraco só nas ruas da sua cidade, no Salar do Uyuni tb tem

Na volta, perdemos o rastro dos carros e seguimos nosso próprio caminho, pra quê? Entramos num atoleiro, o chão estava encharcado e atolamos a moto, ela ficou em pé sozinha hehe. Com muito esforço a Cida empurrou e conseguimos tirar a moto.

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O resultado

Na volta tive que parar num posto para jogar uma água na moto. Conversando com outros motociclistas, disseram que sempre que você sair do salar tem que lavar a moto por causa do sal, eu não ia lavar se não tivesse atolado, ou seja, há males que vem pra bem rsrs.

Saindo do salar tem um posto com um lava jato. Cobraram 30 Bolivianos a lavagem. Voltamos para o Uyuni e fomos visitar o famoso Cemitério de Trem.

Cemitério de Trem – Uyuni

O local é na cidade e é um importante ponto turístico, mas pena que ao lado fica um lixão. A história dos vagões começou no século XIX quando os trens foram importados da Grã-Bretanha para transportar minerais como prata e estanho só que deu ruim porque era muito difícil fazer as ferrovias e os países vizinhos não curtiam a ideia de passar por seus territórios. O que era para ser uma revolução para época virou peças de museu ao ar livre sendo corroídas pelos ventos de sal.

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Cemitério de Trens – Uyuni
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Última estação
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Trem que pula!
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Trem de tirar foto
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Entrando nos trilhos
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Um pouco de história nunca é demais

Rumo ao Chile…era o que a gente imaginava

No dia seguinte, cedo, paramos no posto próximo à estrada para abastecer e partimos rumo a Calama no Chile.

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Paramos a poucos metros do posto para abastecer, pode?
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Abastecimento Raiz

Eu usei dois GPS, um na moto e o do Google Maps. O da moto mostrava um caminho de mais de 1000km, mas o Maps mostrava que era 426km e quase 6 horas de viagem, fomos pelo caminho mais curto, olhei o trajeto e pareciam longos retões, esperto, resolvi desligar o GPS porque na minha cabeça era só ir reto. Seguimos viagem por uma boa estrada, passamos por uma usina fotovoltaica gigante.

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Usina de energia solar no Uyuni – Bolívia

Continuamos subindo e descendo, o clima estava bem agradável sem nenhum imprevisto. Passamos por algumas cidades bem escondidas, feitas nas montanhas.

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Surgiam cidades do nada no meio das montanhas
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Achando que estava pertinho do Chile
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Obras de novas rodovias pela Bolívia

Muitas obras acontecendo e em alguns pontos tomamos chuva e granizo, mas nada que impedisse nosso trajeto.

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Depois de uma chuvinha de granizo e uns quilômetros de rípio

Em um ponto tivemos até que aguardar uma espécie de semáforo animal.

A viagem estava indo super bem até que acabou a estrada. Pois é! Como assim acaba a estrada? Cadê a fronteira, a aduana, os chilenos?

Entramos por um desvio no meio de umas montanhas vermelhas, rodamos por uns 10 ou 15km isolados, começamos a achar estranho porque nunca os desvios eram tão demorados para voltar para rodovia.

Até que chegamos em uma bifurcação sem sinalização. A Internet não funcionava. Haviam algumas casas no local e resolvemos bater para perguntar saiu uma senhora que não sabia de nada.

A Cida,  falou algo que até então não tinha percebido: as mulheres na Bolívia não têm voz para nada, são submissas. Sempre que a gente perguntava algo para uma mulher ela nunca sabia. Paramos de perguntar. Isso foi bem triste.

Finalmente vinha subindo uma camionete com dois homens, paramos e perguntamos para qual lado era a fronteira do Chile. Eles olharam desconfiados e falaram:

– Não, o Chile não é para cá.

Eu teimoso, falei:

– Sim, sim o Chile é pra cá!

Eles:

– No! No! Aqui é a fronteira com a Argentina!

Ficamos tão espantados com a reposta que até a moto tombou e quebrou a proteção de mão. Os homens ajudaram a levantar a moto e pacientemente, coisa rara para um boliviano, o motorista me explicou. Pegou o celular da minha mão e disse que nós estávamos em Tupiza, a 100km da fronteira com a Argentina e se quiséssemos ir ao Chile teríamos que voltar até ao Uyuni. Isso foi um choque pra gente porque todo nosso planejamento estava voltado pro Chile, no GPS da moto nem tinha o mapa da Argentina.

Ali tivemos que tomar a decisão: Argentina ou Chile?

Olhei pra Cida e perguntei:

– Tá afim de conhecer a Argentina?

Ela:

– Simbora!

O motorista falou que estava indo próximo a Tupiza e que era pra gente seguir ele. Fomos. Nos deixou na entrada da cidade e de lá era só ir reto.

Paramos no primeiro posto e não quiseram vender gasolina pra gente, no segundo posto também não, de nenhuma forma. Fiquei puto! Aí fizemos como em Sucre, pedimos para um boliviano comprar gasolina. Paramos um tuk-tuk que eles usam como táxi e pedimos para comprar, não conseguiu porque pediram identidade e ele não tinha. Paramos um rapaz na rua que conseguiu, dei dez bolivianos e fomos embora. Apesar de ser só 100km até a fronteira, não queria andar sem gasolina reserva na Bolívia.

Partimos rumo à Argentina, chegamos na cidade de fronteira chamada Villazón.

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Villazón – Última cidade antes da Argentina

Já cheguei com a moto parando na bomba de gasolina (como se isso fosse rebeldia hahaha) porque vinha puto com o que tinha acontecido em Tupiza! A moça veio, perguntou quanto eu queria e completou a moto e o galão de gasolina pelo preço para boliviano. A Bolívia é muito loka, não dá pra entender a lógica da gasolina.

Graças a Deus – Hermanos! ARGENTINA

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Ufa! Fronteira com a Argentina

Primeiro fomos à imigração do lado argentino. Pensa nuns atendentes gente boa, com sorriso no rosto, trocando ideia. O que nos atendeu perguntou como estava sendo nossa viagem, explicamos que nos perdemos e ele abriu a risada, super receptivo.  

Depois fomos na imigração da Bolívia, pessoal com a cara fechada, outro mundo e para completar eles ficaram com a minha Ordem de Traslado que eu precisaria, já que voltaria pela Bolívia. Na hora nem me toquei.

Cambiei dinheiro para Peso Argentino pertinho da fronteira.

Voltamos para a imigração Argentina e era hora de passar a moto. Viram o passaporte, habilitação, documento da moto e pediram para eu passar os baús no Raio-X. Passei os baús, falaram:

– Bem-vindos à Argentina. Boa viagem!

Lembra da imigração na Bolívia em Corumbá? Na Argentina foi supertranquilo, não gastei nem meia hora.

Sua ligação não pode ser completada! – Celular na Argentina

Saímos da fronteira e tomamos uma pancada de chuva, mas seguimos até à cidade de Abra Pampa, lá fomos atrás de um chip de celular. Encontramos um lugar, mas a senhora não estava nem um pouco a fim de ajudar. Colocamos o chip da Entel, mas não funcionou. A filha veio e tentou nos ajudar, ligou na operadora de celular que informou que não era possível cadastrar o chip em nome de estrangeiros e que era necessário ter uma identidade da Argentina. E agora? Como chegar à fronteira do Chile?

Ferrou! Sem internet, sem GPS e sem Mapa

Achamos uma Lan House, pois é ainda existe isso por lá, graças a Deus. Entrei no Google Maps e fui fazendo foto do trajeto, aquele seria nosso mapa, fui anotando tudo, todas as cidades. Saímos rápido da cidade porque já era umas 16h e tínhamos que rodar 334km. Fomos!

Errando o caminho duas vezes no mesmo dia pede música no Fantástico?

O tempo estava esfriando e na região de Tres Cruces fomos parados pela polícia argentina. Descemos da moto, chegaram três policiais e um deles perguntou se estava tudo bem, a Cida já foi falando que estávamos perdidos hahaha. O policial gentilmente perguntou para onde estávamos indo, falei que era pro Chile e ele disse o Chile não é para cá!

Ahhhhhh! De novo???

O policial disse que tinha que voltar 20km e pegar uma estrada de terra.

Opa! Estrada de terra, à noite, com garupa?

Perguntei se dava para ir por ali e ele disse que sim, era mais longe, mas tudo asfalto. Falamos mais uma vez, há males que vem pra bem! O policial não quis revistar a moto e nos liberou imediatamente, pedi para fazer uma foto pro blog, mas eles se recusaram.

Quando você não dá nada para a cidade – Humahuaca

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Huma o quê?

A nossa meta de chegar na fronteira estava cada vez mais longe, era quase 18h e estava muiiiiito frio, a gente tinha rodado o dia inteiro e estávamos bem cansados, resolvemos parar e continuar no outro dia, mas na rodovia só haviam vilarejos pequenos e sem chance de ter hospedagem. Até que o sol foi embora e não teve jeito, tive que parar. Falamos um para o outro, aí nesse vilarejo num vai ter nada, mas a gente se informa.

Entramos e a cada quarteirão o lugar ia ficando maior até que fomos parados em uma blitz da polícia, outra vez. Dessa vez uma policial bem educada pediu os documentos, perguntou pra onde estávamos indo, fez as anotações e nos liberou. Perguntei se havia algum hotel barato na cidade e ela disse:

– Vários!

Depois descobrimos que estávamos em Humahuaca, na província de Jujuy, uma cidade turística da Argentina conhecida pelas montanhas multicoloridas da Serrania del Hornocal.

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Aqui a gasosa era liberada. Vc podia até escolher a octanagem
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Podia ser uma taça de Cabernet Sauvignon, mas era Coca mesmo rsrs
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Café da manhã dos Hermanos
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Os donos da Pousada!
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Hostal El Coquena

Quando se perder na Argentina foi o melhor que nos aconteceu

Descansados, saímos cedo rumo à fronteira do Chile no Paso de Jama e depois San Pedro de Atacama. Tempo bom e estrada tranquila até chegarmos a Purmamarca.

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Mal eu sabia que ali começava uma puta estrada!

Começamos a subida da Cuesta de Lipan e na boa, é bem difícil porque a cada curva eu queria parar para apreciar a paisagem e registrar o momento, mas ainda bem que a Cida é mais centrada que eu!

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Cuesta de Lipan – Argentina

Fiquei muito feliz subindo por essas curvas e falava para Cida, que bom que nós erramos o caminho, foi a melhor coisa que nos aconteceu!

Obrigado Senhor!

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O brother ali queria sair no blog hehe

Chegamos ao ponto mais alto da subida e não sentimos os efeitos do Soroche, o mal da altitude, talvez porque andamos bastante pela Bolívia, ali estava tranquilão.

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Abra de Potrerillos

Este ponto é bem disputado porque todo mundo para por aqui, seja para comprar uma lembrança dos ambulantes que ficam por ali, ou para fazer uma foto.

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Ruta Nacional 52

Neste ponto conheci o Mauren que é do sul do Brasil e tinha tirado sua NC para fazer a viagem até o Atacama.

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Encontro de NC

Durante a subida nós vínhamos ultrapassando um carro que tinha uma criança e ela olhava pra gente com muita admiração como se fôssemos de outro mudo e a cada ultrapassagem ele dava um tchauzinho até que lá em cima nos encontramos.

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Foto de capacete para que na lembrança dele fique a figura do motociclista

Ele ficava rodeando a moto, tinha esquecido até do ponto turístico. Perguntei se ele queria tirar uma foto em cima da moto e ele balançou a cabeça com sinal de positivo. Coloquei ele em cima e ficou bem feliz! A família dele curtiu demais e eu também por tão pouco fazer uma criança dar um sorriso e se divertir. Acredito que foi inspirador pra mim e pra ele. Espero um dia encontrar com ele pelas estradas desse mundão!

Simbora que tem chão!

Passamos pelo Salar, agora da Argentina! A rodovia passa no meio e a visão é bem diferente.

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Que estrada amigo!

Seguimos e depois paramos num posto antes da fronteira. Parada obrigatória para os motociclistas.

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Parada para abastecimento e colagem de adesivo hehe

Até a fronteira com o Chile são diversos retões, encontramos diversos motociclistas indo pra San Pedro de Atacama. Estava um tempo muito agradável foi só curtir o passeio!

Finalmente o Chile!

Enfim chegamos à fronteira Chile-Argentina no Paso de Jama. Antes de entrar para a aduana um policial anota sua placa e te dá um papel. Ele me perguntou se eu já tinha abastecido e disse que estava com meio tanque, ele me orientou a abastecer num posto YPF que fica um pouquinho antes da fronteira, disse que não haveria mais posto por 157km. Segui o conselho e fui abastecer. Coloquei a gasolina 95.

Fronteira do Chile – Quando achei que não deixariam entrar

Estacionamos as motos ao lado de umas BMW e entramos. A imigração e aduana são extremamente organizadas. Faz a saída e entrada de uma vez só, guichê por guichê, se não me engano são 5 ou 6 processos. Muito rápido, mas acontece que entramos na fila e os motociclistas na nossa frente sacaram umas pastas dos baús da moto que deveriam ter uns 10 cm de altura de papelaiada. Olhei pra Cida e falei: Pronto! Não vão deixar a gente passar!

Nós só estávamos com o passaporte, documento da moto e habilitação e o povo da frente com umas pastas cheias de papel.

Eles passaram e chegou a nossa vez. Entreguei os docs que eu tinha e esperei. A moça falou pode ir pro próximo guichê e assim foi indo até chegar na parte do Chile onde eles pediram pra gente preencher um documento a mão. Foi tranquilão ao som de um reggae maroto que estava rolando na aduana.

Acabado os trâmites, o oficial foi até à moto para inspecionar. Ele olhou superficialmente, perguntei se ele queria que eu tirasse as coisas de dentro do baú e ele disse que não precisava, nos liberou e desejou boa viagem. Foi rápido e tranquilo.

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Uhuuul! Chile!
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Registrando nossa passagem com um adesivo do Motorando!

A Flecha Prateada sentiu o Deserto do Atacama – o lugar mais seco do planeta

Seguimos pelo deserto, sabíamos que o trecho era de 157km até à cidade de San Pedro de Atacama, era umas 13h e pelos nossos cálculos chegaríamos umas 15h30 e depois tocaríamos até Calama, onde íamos dormir.

Andamos uns 30 km, uns motociclista vinham nos ultrapassando. Tentei acompanhar a tocada que não era nada demais, deviam estar a uns 110km/h, mas pela primeira vez na nossa jornada a Flecha não respondia. Acelerava e o máximo que ela chegava era 90km/h, estava fazendo 9km/l, isso nunca tinha acontecido e confesso que fiquei apreensivo porque ainda estava muito longe e com esse consumo não chegaríamos a San Pedro de Atacama. O trajeto é por dentro do deserto com pouquíssimo movimento e se você é um leitor atento observou nas placas que não há sinal de celular.

Continuamos a subida e nada de a moto melhorar, aumentava a preocupação, mas não falei para a Cida o que estava acontecendo para não preocupa-la, mas não teve jeito, ela sentiu que a moto não estava respondendo e perguntou o que estava acontecendo. Nisso já havia ido meio tanque de gasolina e ainda faltava 100km para frente. Resolvi parar e abastecer a moto com o galão de gasolina que trouxe da Bolívia, do último posto antes da fronteira com a Argentina, era nossa única esperança.

Continuamos a viagem e depois de uns 5 minutos, comecei a acelerar exigindo força nas subidas, a moto reagiu e voltou a ser a Flecha Prateada de sempre, desbravadora. Depois foi só curtir o deserto.

Perda de rendimento da moto no Atacama – Possíveis Causas

Não sou mecânico nem especialista no assunto, mas pesquisando na net e conversando com alguns motociclistas sobre o que aconteceu no Deserto do Atacama cheguei a duas conclusões:

1 – Devido a altitude entra menos ar no motor reduzindo a potência

Pesquisando encontrei essa explicação:

As motos injetadas recebem informações da centralina quanto à pressão barométrica e disponibiliza a quantidade necessária de combustível para que o motor tenha o melhor desempenho possível. Ainda assim, acontece da moto pedir constantemente a redução de marchas, em alguns casos até chegar à primeira. 

Com a altitude, o volume de ar é o mesmo, mas a densidade é menor. Logo, ele continua mandando o mesmo volume de gasolina, mas com menos oxigênio para queimar, a mistura fica  mais rica. A perda de potência na altitude é devido principalmente à reduzida massa de ar que entra no motor.

Fonte: http://www.expedicoeslatinas.com.br/2017/08/moto-carburada-x-cordilheira-dos-andes.html

 2 – Gasolina

Como falei, antes de atravessar a fronteira do Chile abasteci num posto YPF por orientação do policial argentino. Coloquei a gasolina 95. Acredito que a NC750 não tenha respondido bem ao combustível, por isso quando coloquei a gasolina da Bolívia, que é quase pura, a moto recuperou a potência.

Obs: Lembrando que isso são só hipóteses de um leigo.

Curtindo o Deserto do Atacama

Depois do perrengue foi só curtir o deserto. Conforme a gente ia subindo a temperatura caía, um frio gostoso até chegarmos a um dos pontos mais altos do trajeto. Ali o frio foi o mais intenso que passamos em toda viagem, acredito que deva ter chegado a 0° com o vento. Estávamos com todos os nossos equipamentos de frio (no final vou deixar a lista de equipamentos que levamos).

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Ao fundo o vulcão Licancabur, com mais neve

Essa imagem foi marcante porque foi muito lindo estar ali, o frio, o perrengue, para onde íamos e o Licancabur lá atrás, um dos vulcões mais belos da América Latina considerado semi-ativo com quase 5.920 metros de altitude em plena cordilheira dos Andes.

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O Cabeção ficou na frente do Licancabur

Depois desse ponto começam as descidas, são longos retões bem íngremes, a sensação é que você está descendo uma montanha russa de 20km de extensão rsrsrs.

Pouco tempo para conhecer San Pedro de Atacama – Chile

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Entrada de San Pedro de Atacama

San Pedro de Atacama é lugar bem simples e pequeno, pelo que percebi tudo gira em torno do centro que é onde ficam as casas de câmbio, artesanato, bares, restaurantes e muitos jovens mochileiros. Na praça é disponibilizado wi-fi grátis por meia hora. Ah! Não pode entrar de moto ou qualquer veículo, tivemos que deixar a moto lá fora ao lado do muro que rodeia o local.san-pedro-de-atacama-de-moto

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Centro de San Pedro de Atacama
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Praça central de San Pedro de Atacama

Calama – A cidade do minério

Chegamos em Calama, uma cidade bem desenvolvida e impulsionada pela extração de minério. Paramos num posto Petrobras, isso mesmo, posto BR hehehe

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Posto BR no meio do Chile!

No posto havia diversas lojas entre elas uma de celular da Entel. Compramos o chip e instalamos, mas não funcionou, diferentemente da Argentina no Chile estrangeiros podem cadastrar o telefone. A atendente da conveniência muito simpática ofereceu ajuda e disse que podia cadastrar no nome dela. Salvou a gente. Ela e a Cida viraram amigas 😉

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Chip Entel do Chile

A noite saímos para experimentar a culinária chilena e começamos por um cachorro quente, mas tivemos uma surpresa…

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Vai um dog com abacate?

Eles colocam AVOCADO no cachorro quente. O avocado é o primo do abacate! Pois é, mal nós sabíamos que iríamos comer muito avocado no Chile.

Chegamos a nossa hospedagem pelo Airbnb e olha quem veio nos receber.

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Catioros! Eles nos procuram! Ainda bem! Vamos matando saudades dos nossos!

No dia seguinte partimos para Antofagasta com destino a tão esperada La Mano del Desierto.

Nacionalismo e vento lateral no Deserto do Atacama – Chile

Saímos cedo em direção à Mão do Deserto, na região de Antofagasta, cerca de 269km de Calama.

O caminho até lá é um grande retão, estradas excelentes e uma coisa chamou nossa atenção: o amor do povo chileno à bandeira. Quase em todas as casas ou homenagens póstumas haviam bandeiras do Chile, acho que aqui no Brasil a gente deveria ter mais amor a nossa bandeira.

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É comum ver a bandeira do Chile por todo lugar!

Pela imagem acima você deve ter percebido que o vento na região é intenso. Em cima da moto o vento lateral jogava a gente para o outro lado da faixa, a todo momento tinha que corrigir a trajetória e ultrapassava com atenção os caminhões das mineradoras. Nesse percurso há pedágios, algo em torno de R$5,00. No meio do caminho paramos num posto para comprar uma água, de repente uma BMW 1200 parou ao nosso lado, era um casal que estava vindo de São Paulo/SP, Roberto e Dirce que estavam no 15º dia de viagem . Ficamos umas meia hora trocando ideia e depois fomos juntos até à Mão do Deserto.

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Eu, Cida, Roberto e Dirce! Amigos que fizemos na viagem!

Mão do Deserto – A realização de um sonho

Chegamos na região de Antofagasta e de lá até à Mão do Deserto são mais 70km pra frente. Passamos por várias indústrias, paramos para abastecer, aliás, abastecimento é tranquilo no Chile, sempre tem um posto próximo.

Confesso que a cada km percorrido aumentava a ansiedade, eu e a Cida ficávamos nos cutucando, falando chega logo rsrsrs apertamos o passo para ir mais rápido foi quando finalmente vimos uma placa com os dizeres LA MANO DEL DESIERTO.

Quando vimos a mão da rodovia, fiquei muiiiiiiiiiito emocionado! Só a gente sabia o quanto trabalhamos, frio, calor, fome, o quanto nos privamos, quantos perrengues passamos, quanta gente dizia que éramos loucos, alguns desconfiados que não chegaríamos, mas estávamos lá, na Mão do Deserto, aquela que a gente só via pelo Youtube estava na nossa frente.

Quando desci da moto não aguentei e comecei a chorar! Foi uma emoção única!

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Chegamos! Realização de um sonho!
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Não é todo dia que tem uma Mão do Deserto segurando vela
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Felizaços!

Momento Autoajuda 😉

Se você tem um sonho de ir até lá de moto, vá! Planeje-se e vá! Será a grana mais bem investida porque estará investindo em você.  Gente para te puxar para trás não faltará, mas com determinação e força de vontade de todo o coração você pode e vai conseguir.

Passamos mais de uma hora ali.

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Quase rolou um cafuné  hehe

Oceano Pacífico – O Grande Encontro

Partimos rumo a nossa hospedagem em Antofagasta e o bacana é que a rodovia vai descendo até chegar ao nível do mar e pela primeira vez, na nossa viagem, encontramos o Oceano Pacífico. Eu sou suspeito de falar porque adoro praia, mas quando vi o oceano fiquei bem feliz!

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Primeiro encontro com o Oceano Pacífico – Uhulll!

Ali também foi o nosso primeiro contato com o exército do Chile, não sabia que o país era tão militarizado.

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Base militar com caminhões e tanques de guerra

Dali partimos para a famosa La Portada que é um monumento natural formado por rochas vulcânicas que datam de mais de cem milhões de anos antes de Cristo.

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Já estava pegando o jeito de tirar foto no modo reflexão

la-portada-chileDe lá fomos para a hospedagem pelo Airbnb que ficava bem próximo do centro e no outro dia fomos fazer o câmbio porque no Chile as coisas são bem caras.

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Centrão de Antofagasta. Observei que muita gente é apaixonada pelo time de futebol Colo-Colo
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Fizeram um “condomínio” pros catioros de rua no meio da praça. Que demais!

Oceano Pacífico – Nosso companheiro de viagem

Saímos de Antofagasta bem cedo rumo a Iquique um trajeto de pouco mais de 400km, MAS QUE TRAJETO!

Quando estava na fase de planejamento da viagem, um dos trajetos que queria fazer era viajar ao lado do Oceano Pacífico e saindo de Antofagasta não demorou para isso acontecer.

Subimos uma serra e depois de uma curva para direita finalmente a rodovia margeava o oceano. Foi lindooooooo demaiiiiissssss! Mais uma realização!

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Vila de pescadores na beira da rodovia
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Olha meu amigão ali do lado!

oceano-pacifico-indo-para-iquique-chile-de-motoPassamos horas viajando com o ronco do motor e o som maravilhoso do Oceano Pacífico

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Mais amigos para lembrarmos dos nossos que deixamos em casa

Durante esse trajeto passamos por uma cidade chamada Tocopilla onde nasceu o jogador de futebol Alex Sánchez que atualmente joga no Manchester United da Inglaterra, nessa cidade  fizeram uma praça em sua homenagem.

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Praça com os clubes que o jogador passou
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Alex Sánchez quase em tamanho real hehe

Rodamos mais um pouco e foi hora de agradecer.

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Obrigado meu Deus por este momento!

Como estávamos no litoral tínhamos que comer um peixinho. Não é mesmo?

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No Chile o pessoal come bem!

E também não podia faltar o fiel avocado! Hehe

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Refeição no Chile? Avocado neles!

Iquique – Dia de descanso… parado 😊

Tiramos um dia para aproveitar a praia, aqui nós também nos hospedamos pelo Airbnb. Aproveitamos para experimentar um vinho chileno, queijo e compramos algumas coisas para jantar já que a hospedagem disponibilizava uma cozinha equipada. Na mercearia eles têm um jeito diferente de dar a nota fiscal, dão tipo um ticket.

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Na mercearia até parecia que entendia alguma coisa de vinho!
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Nota fiscal chilena

Depois foi dar um passeio pelo centro, curtir a praia e finalmente dar um tibum no Oceano Pacífico!

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Centro de Iquique
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Pra gente, esta placa foi uma novidade

Iquique foi atingida por dois tsunamis, um em 2010 e outro em 2014 por isso as placas de orientação no centro da cidade que é bem perto do mar.

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Com azamigas
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Tibum!Gelaaaaaaaaaaaaaada!

Na praia estava um ventinho gelado e água mais gelada ainda, mas o sol estava trincando. Fomos inocentes e não levamos protetor solar, meu amigo, à noite minhas costas estavam escaldando, nem o vinho relaxou e mais uma vez a pomada pra escaldadura foi bem útil rsrsrs. Nessa praia é proibido o consumo de bebida alcoólica, a polícia fica em cima, nos quiosques só café e cerveja sem álcool, mas aqui acolá passava um colombiano vendendo drinks batizados hehe.

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Camarão

Rumo a Tacna no Peru

Saímos cedo rumo ao Peru, cerca de 365km, mas estávamos moídos porque não dormimos nada durante à noite por causa do bendito protetor solar que não usamos. A jaqueta ardia na pele, foi bem osso, mas deu para apreciar algumas subidas e belas descidas.

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Esculturas nas montanhas, segundo a Cida feitas por extraterrestres
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Guarda do Aquaman

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maior outdoor da coca-cola no mundo
O maior outdoor do mundo da Coca-Cola

Em uma das muitas subidas próximas à fronteira com o Peru começamos a ultrapassar diversos caminhões do exército com muitos soldados, até aí tudo bem, cumprimentamos e seguimos em frente. Quando acabou a subida em uma região plana, vi de longe um poeirão e conforme fomos nos aproximando começamos a enxergar uns tanques de guerra em movimento e andando mais um pouco vimos no mínimo uns 30 tanques de guerra, soldados correndo, artilharia antimíssil em caminhão, coisa de filme, mas era treinamento do exército chileno. Tivemos a oportunidade de passar bem na hora, mas quando parei para tirar foto, em cima de um dos tanques dois  militares nos observavam com binóculos, um deles acenava como se dissesse que não podia tirar foto e mandava a gente seguir em frente. Não vou arriscar com quem está com um tanque de guerra apontado para minha direção, segui em frente, infelizmente não consegui tirar a foto, ficou só na lembrança mesmo, mas foi emocionante.

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Porque respeitar a sinalização não é uma virtude entre os peruanos

Peru – Trâmites na fronteira para viajar de moto

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Fronteira Chile-Peru. Chegamos!

No Peru é um pouco burocrático para entrar, mas nada demais. Com os documentos de sempre entra tranquilo: Passaporte, Carteira de Habilitação e Documento da Moto.

Na parede tem um passo a passo, tentei tirar foto

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Passo 1

2

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Passo 2

De frente são três portas, primeiro tem que ir na porta do meio preencher um documento e com ele você vai para para a porta da esquerda, dar saída na imigração chilena, depois vai pra terceira dar entrada na imigração peruana. A Cida passou bem rápido, mas quando chegou a minha vez demorou, o atendente pegou meu passaporte e foi verificar alguma coisa, naquela hora fiquei apreensivo porque não sabia o que estava acontecendo, mas não tinha o que fazer, só esperar. Esperei por uns 10 minutos até que o atendente voltou com meu passaporte, perguntou para onde estava indo e quantos dias pretendia ficar no Peru, respondi, ele carimbou e falou:

– Bem-vindo ao Peru. Boa viagem!

Nossa, queria xingar tudo kkkkkkkk

Mas ainda tinha que fazer a imigração da moto que é numa porta lateral. Tem um policial do Peru e do Chile sentados em mesas diferentes. O do Peru começou a trocar ideia comigo na boa, perguntou de onde a gente era, falei do Brasil e perguntou onde eu morava, achei estranho, mas respondi em seguida ele disse que vinha ao Brasil em 2019 assistir a Copa América hahaha fila da mãe queria uma hospedagem na faixa rsrsrsrs. Ele carimbou os papéis e me liberou, falou que tinha que passar as bagagens no Raio-X, passamos e seguimos nosso caminho.

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Machu Picchu. Aí vamos nós!

Seguro Obrigatório – SOAT 

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Local para fazer o Seguro Obrigatório – SOAT

Se você sabe como funcionam as viagens de moto pelos países da América do Sul deve estar achando estranho que não falei dos seguros obrigatórios até agora.

Na Bolívia não é exigido nenhum tipo de seguro, já na Argentina eles pedem a famosa carta verde que não fizemos porque não prevíamos ir pra lá e no caminho também não encontramos nenhum lugar para fazer, fomos na coragem, mas o estranho é que fomos parados duas vezes na Argentina e não nos pediram.

No Chile é obrigatório andar com o SOAPEX que também não tiramos porque não tinha nenhum lugar para tirar no Paso de Jama. Depois também esqueci de procurar um lugar para fazer, graças a Deus não fomos parados e não nos pediram. Você não precisa apresentar esses seguros para entrar ou sair dos países.

Já no Peru, depois da fronteira um pouquinho pra frente tem um espaço só para fazer o seguro, eles aceitam o Sólis (moeda peruana) e o Peso Chileno (moeda chilena). O Seguro ficou em 15.000 Pesos Chilenos, é bem rápido para fazer. Seguimos rumo a Tacna.

Obs: Não se arrisque como eu. Sempre faça o seguro. Dá para fazer pela internet.

A bebida sucesso do Peru

Em Tacna cambiamos dinheiro peruano e para nossa surpresa o dinheiro deles vale mais que o nosso rsrsrs, na rua ficam uns agentes com colete amarelo cambiando dinheiro, ficamos desconfiados porque eles tinham preço melhor que as casas de câmbio, preferimos não arriscar, mas à noite os moradores nos informaram que é seguro e que são funcionários do governo.

Em Tacna tivemos nosso primeiro encontro com o refrigerante mais amado do Peru hehehe, a Inca Kola. Lembra aquele refresco em pó do Brasil Ki-Suco.

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Ki-Suco com gás!

Saindo de Tacna tem um posto da Sunat que é como se fosse a Aduana deles. Fomos parados e já fui pegando o SOAT, seguro obrigatório para apresentar, mas ele não quis nem saber. Pediu o documento da imigração, passaporte, foi lá pra dentro, acessou o computador, depois de uns 5 minutos voltou e nos liberou.

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Posto da Sunat na saída de Tacna

Uma coisa que nos impressionou no caminho foi que o terreno no Peru é o mesmo do Chile, e se você reparou nas fotos anteriores não há plantação de nada, mas lá eles fizeram a agricultura e a pecuária funcionar.

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O verde brota no meio do deserto

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O Valente Pneu Technic sucumbiu

Bem, você deve estar puto do outro lado da tela falando: Porra! Como o cara vai fazer uma viagem dessa com pneu Technic?

Eu sei! Muita gente falava mal do pneu Technic, outras bem, mas resolvi tirar minhas próprias conclusões para ter uma opinião própria, mas depois falo sobre isso.

Saímos de Tacna cedo e o percurso até Juliaca tem muitas curvas e subidas, passa por dentro de cidades, demoramos bastante para fazer o trecho de 469km e para completar nosso galão de gasolina estava vazando e molhando nossas coisas, o cara do posto foi muito gente fina e nos arrumou um sem cobrar nada.

Aliás, posto de gasolina é o que não falta no Peru, tem um em cada esquina e se não tiver, estão construindo rsrsrs deve ser bem rentável por lá.

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Curvas que lembram a Bolívia

Chegamos em Puno às 16h e tivemos o nosso primeiro contato visual com o lago Titicaca.

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Lago Titicaca ao fundo

Puno estava reservando um dos maiores perrengues da nossa viagem.

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Populares Peruanos
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Na foto não parece tanto, mas era uma puta subida

De Puno a Juliaca são 42km e é um retão. Devia ser umas 17h estava bem frio e chuviscando, estávamos bem tranquilos porque chegaríamos de dia e ia dar tempo de reservar a hospedagem , mas não saiu como o planejado.

Depois do pedágio no sentido Juliaca percebi que a moto perdeu rendimento, parecido com o que tinha acontecido no Atacama, acelerava e nada, de repente senti que o pneu traseiro sambou um pouco e a roda tinha encostado no chão, joguei pro mini acostamento de meio metro. Olhamos o pneu e ele estava murcho. Até então tranquilo, furou o pneu neh.

Pneu Techinic furado no Peru
Ali parecia um furo

Levei comigo aqueles spray de reparo rápido que enche o pneu na hora para chegar até à borracharia e arrumar. Usei no pneu e para minha surpresa o pneu não mexeu. Comecei a ficar preocupado, girei o pneu pra lá e pra cá e aí veio a surpresa.

O pneu Technic tinha rasgado na lateral. Ferrou!

Pneu Techinic rasgou na lateral
Era uma vez um pneu

A Cida, inteligentemente, havia comprado um chip de celular no Peru da operadora Claro. Tentei ligar no suporte da Honda, Honda Assitence no exterior e falava que o número era inválido. E agora?

Estava aumentando a chuva, esfriando rapidamente e para completar ventos fortes.

Continuei pesquisando por oficina de moto em Puno e nada, pesquisei em Juliaca, apareceram algumas, fomos ligando e a dificuldade com o idioma atrapalhava, acho que as pessoas pensavam que era trote e desligavam o telefone até que uma teve a ideia e pediu para eu mandar mensagem no Whatsapp. Começamos a conversar e ela usava o tradutor de lá e a gente de cá até que ela disse que iria nos socorrer. Graças a Deus!

Agora tínhamos que empurrar a moto até um posto, uns 5km para trás e os peruanos buzinando, falando para gente sair da rodovia e eu ia colocar a moto aonde? No c…? Nenhum peruano parou para ajudar, muito pelo contrário, quase passaram por cima, ali percebemos como no nosso país é bem diferente. Empurramos a moto pesada até este posto:

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Posto Repsol

Pedimos para a frentista falar com o pessoal da oficina apenas para informar onde a gente estava e ela se negou, falou que não podia. Nossa nessa hora fiquei bem puto, mas mantive a calma e insisti com ela educadamente até que concordou e falou com o povo da oficina que disse que demoraria uma hora, mas que iria. Era só esperar.

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Antes do posto paramos num pequeno comércio onde pedimos ajuda e uma senhora, dona do estabelecimento, nos expulsou. Foi triste.

No tempo que esperávamos entrei em contato com o grupo de Whataspp Allianza del Motociclismo e Confraria Big Trail e fiquei muito surpreso, vinha ajuda de todo lugar do Brasil, inclusive o Breda do Allianza del Motociclismo ficou conversando comigo o tempo todo dando o suporte e em questão de minutos um motociclista de Juliaca estava em contato comigo pedindo para eu não sair de onde estava porque mandaria socorro. Esses grupos são foda!

Esperamos por uma hora e meia até que o socorro apareceu.

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Santo Reboque!

Deu trabalho para colocar a moto no baú, mas conseguimos. Fomos junto com a moto para oficina e eles disseram que tinham o pneu Michelin na medida da minha moto, mas que só iam mexer no outro dia. Pegamos uma hospedagem bem braba do lado da oficina para de manhã agilizar a partida!

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Oficina de Moto Motor’s Racing em Juliaca. Especializada em Honda.
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O Technic comeu por dentro, na quina de fora a fora
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Agora sim! Pronto para seguir viagem!
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A equipe Motor’s Racing de Juliaca no Peru que nos ajudou

Agora era só curtir a viagem sem preocupação, mas meu amigo, que sufoco!

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Igreja de Juliaca – Peru

Conclusão Pneu Technic

O pneu Tecnic aguentou exatos 9 mil km.

Para andar trajetos curtos , próximo de casa e só asfalto ele vai bem, mas não encara uma viagem longa e com peso, infelizmente.

De Juliaca a Cusco/PERU – Um dos cenários mais lindos da viagem

Saímos umas 9h30 de Juliaca rumo a Cusco, depois Ollantaytambo e passamos por um dos cenários mais bonitos do Peru. Muitos retões, tempo frio e montanhas de neve ao fundo. Foi demais!

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Foi lindo demais!
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Montanha nevada nos acompanhando

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Perguntei se a Cida queria almoçar e ela disse que estava sem fome!

 

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Pratão de respeito!

A estrada tinha alguns desvios e esse trajeto passava por dentro de muitas cidades com muitas lombadas, a viagem não rendia muito e também encaramos uma chuva leve, mas por volta das 16h30 chegamos a Cusco.

Off durante a noite – Cusco a Ollantaytambo

Cusco é uma cidade com trânsito rápido, ou seja, tivemos que entrar no ritmo do fluxo, e ela parece ser bem desorganizada com casas sem terminar, poeira na rua, subidas e descidas, apenas passamos pela cidade.

Começamos a descer a serra e fomos parar numa cidade chamada Izcuchaca e lá nós perguntamos para três pessoas que informaram que tínhamos passado a entrada, mas dava para ir por ali, nos ensinaram o caminho mais ou menos e fomos.

Saímos da cidade e começamos um trecho de terra, já havia escurecido, mas com tantos desvios por construção nas rodovias achamos que seria perto. Foi cerca de 15km subindo e descendo serra de rípio sem ver nada na frente e sem ninguém por perto. Foi bem tenso.

trajeto para ollantaytambo
Off Noturno

Até que depois de um tempo encontramos algumas pessoas que nos informaram que o caminho estava certo e que tinha só mais um pedaço de rípio. Fomos e quando chegamos na rodovia, ufa! Mas ainda tinha trecho até Ollantaytambo e de umas serras com muitas curvas, pouca visibilidade e o excelente respeito dos motoristas peruanos às leis de trânsito (sarcasmo). Foi bem difícil a descida, mas acho que mais por estar à noite e o cansaço. Depois das serras tinha mais um trecho de reta até chegar à cidade, chegamos e estávamos mortos. Nem quisemos saber de jantar, só tomamos um banho e capotamos.

Dia de folga para Flecha – Vamos de trem até Machu Picchu

Pulamos cedo da cama e fomos tomar o café da manhã da pousada Las Portadas. Tinha uma senhorinha muito gente boa que estava sempre preocupada com a gente, tanto que ela fez um ovo frito na hora hehe.

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Pãozinho gostoso
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Olhando pro nada. Pensando mil fitas!haha

Depois do café partimos para a estação de trem para comprar as passagens para a subida até Machu Picchu. A estação é bem próxima da praça central de Ollantaytambo, dá pra ir a pé.

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Pra descer todo santo ajuda!

Lá na estação tem duas empresas de trem:

PeruRail

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Que é mais popular e mais barata

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Que é a mais cara.Como não sabíamos de nada e vimos só a Incarail, compramos nela.

O itinerário do dia

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Ida e volta cada um pagou $65,00 (Dólares)

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Tem um comércio local e até bares na entrada da estação de trem

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Enquanto aguardamos o trem, um chocolatinho

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Nesta estação foi onde ouvimos mais idiomas diferentes. Turistas do mundo todo.

O embarque é bem organizado, 15 minutos antes chamam quem vai embarcar para uma área de espera com chazinho e folha de coca à vontade.

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O trem
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Durante a subida o trem passa por diversas belezas naturais
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Serviço de bordo que parece avião

Na nossa frente sentaram dois poloneses, pai e filha. Trocamos umas ideias em espanhol e inglês hehe

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indio-tocando-flauta-na-estação-de-trem-em-machu-picchuPrimeiro encontro com a típica música peruana. O músico estava arregaçando na flauta!

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Descobrimos que Machu Picchu é uma cidade

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Amores amarrados!
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Amor eterno. Mas quem ama não liberta?

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Galera com disposição de sobra para fazer a subida a pé pelas escadas no meio da montanha

Para subir até à cidade perdida dos Incas tem que comprar um ticket no Ministério da Cultura para a entrada no parque no valor de 152 Soles mais ou menos 160 Reais. Acha que acabou? Rááááá! Ainda tem que pagar a subida de ônibus até à entrada do parque no custo de 48 Dólares, esse valor por pessoa.

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Entrada pro parque
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Passagem de ônibus para subir para Machu Picchu

Gastamos em Reais para subir até Machu Picchu saindo de Ollantaytambo mais ou menos R$600 por pessoa. Esse valor para quem está viajando de moto é caro, mas não é todo dia que você passa por Machu Picchu num é mesmo?

Desafiando a morte – Subida

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Zig Zag loko pra subir e descer! Um sinal da cruz a cada curva.

Chegamos a Machu Picchu

Machu Picchu está localizada no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba e é visitada por turistas do mundo todo. O ônibus deixou a gente na entrada do parque, entregamos os bilhetes e começamos um trecho curto de caminhada na subida. Cansamos um pouco, mas na hora que vimos uma velhinha subindo de bengala acelerada criamos vergonha na cara e apertamos o passo! Hehehe

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Velhinha com motor nas pernas

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Aquelas fotos clássicas não é mesmo?
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Mal cheguei no parque já chamaram minha atenção: Não pode sentar aí!

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As Lhamas parecem acostumadas com as pessoas! Só faltam sorrir pras fotos

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Deixa eu ver se vem visita!

machu-picchu-ruinasrio-que-passa-ao-lado-de-machu-picchuvista-de-machu-picchu-viajando-de-motoPassamos mais de três horas ali andando por todos os lados e na saída um funcionário do parque carimba o Passaporte, é bem bacana.

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Passaporte carimbado!

De lá pegamos o ônibus de volta já mais acostumados, começou a chover, fomos direto para a estação de trem e depois hospedagem.

À noite saímos para comer uma pizza e que pizza hein! Conhecemos um chileno e um peruano que nos contaram as histórias de seus países, suas vitórias nas guerras por bastante tempo, foi massa, literalmente!

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Cerveza Candelaria

Temos mais de 7 vidas – Pilotando no Peru

Saímos cedo de Ollantaytambo rumo a Copacabana na Bolívia, 589km, passamos pelo centro de Cusco, mas agora já na viagem de volta. Já batia uma dor no coração porque estava acabando, a volta é mais triste, se você faz longas viagens sabe do que estou falando, acho que inconscientemente eu desacelerei a tocada para passar mais devagar hehe, mas o principal motivo para andar a 90km quase o trajeto inteiro foi a loucura do povo peruano no trânsito. Veículos são armas nas mãos deles.

O que acontece é que no Peru a maioria das rodovias são bem estreitas e cheias de curvas nas montanhas, uma atrás da outra e o motorista peruano, seja de carro, ônibus, caminhão, acha que aquelas faixas amarelas no chão servem para embelezar a paisagem porque eles NÃO RESPEITAM. Certamente em toda a minha vida, o trânsito mais perigoso pelo qual passei foi no Peru.

Ilustrando uma situação.

Estávamos subindo um retão com faixa contínua e do outro lado vinha descendo um caminhão mais lento e uma fila de veículos atrás dele. Um ônibus desses intermunicipais simplesmente jogou pra esquerda e veio de encontro com a gente, eu, brasileirão, dei luz alta ingenuamente pra ele voltar para faixa dele, pra quê?  O ônibus acelerou mais ainda, tive que jogar a moto para fora da pista, a Cida saiu xingando tudo e o motorista olhou pro lado como se fosse a coisa mais normal do mundo, só faltou dar tchauzinho. Nas curvas, que coragem eu tinha de fazer? Melhor chegar vivo do que acontecer alguma coisa fora do seu país e ficar pior. Decidimos vir devagar!

As paisagens no Peru são lindas, mas não via a hora de sair do país por causa do trânsito. Passamos por Juliaca na volta e era um dia de feira na cidade, a rodovia passava bem no meio da feira, para desviar foi um parto, o trânsito parecia o trânsito da Índia que passa na TV, demoramos quase uma hora para encontrar a saída. No caminho acidente com ônibus.

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Big Pururuca, eu acho! Tem vários desse na rodovia.

O pôr do sol mais lindo da minha vida – Copacabana – Bolívia

Quando estávamos a 150km da fronteira com a Bolívia paramos para abastecer, fui ao banheiro e a Cida perguntou à frentista quantos quilômetros faltavam para a fronteira e ela disse 350km, só por maldade, já era umas 17h e a fronteira fechava às 20h, mas há uma diferença de fuso horário entre os países que não sabíamos. Apertamos o passo!

Chegamos à cidade de Juli no Peru e fomos em direção a Pomata, região do lago Titicaca e nesse trecho tivemos a oportunidade de ver um pô do sol muito bonito, talvez o mais lindo que já tenha visto. Um vermelho, misturado com laranja, rosa e montanhas com neve ao fundo, foi demais. Fiz apenas um registro rápido de cima da moto.

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Pôr do sol no Lago Titicaca – Peru

Chegamos na fronteira na cidade de Yunguyo quase 19h. A polícia peruana foi muito gente boa com a gente. Eles falaram para acelerarmos a documentação porque a fronteira boliviana ia fechar. Fizeram os trâmites super rápido, deixaram eu colar um adesivo dentro da imigração e liberaram a gente.

Corremos para a fronteira da Bolívia, os policiais estavam se arrumando para fechar, mas um policial super gente boa também, novo, teve um paciência e bom humor para fazer nossa imigração e da moto. Ele ainda errou um documento colocando o sobrenome da minha mãe no lugar onde era para ser o paterno, ai expliquei para ele que no Brasil o sobrenome paterno é o último, ele disse que não sabia e agradeceu.

Tivemos que preencher um documento na imigração e um policial mais velho, meio nervoso, tinha nos explicado como era. Ficamos com uma dúvida e fui perguntar, ele foi mais grosso ainda, a Cida retrucou baixo de onde ela estava e ele perguntou:

Policial: – Que falaste?

Eu entrei no meio e respondi:

– Tranquilo! Tranquilo Amigo!

Policial:

– Brasileiro é tudo burro!

E foi fumar!

Estamos no país dos caras, tarde da noite, o dia inteiro viajando, frio, fome, longe do nosso país, arrumar rolo pra quê?

Lá no Peru tinha uma casa de câmbio, resolvi voltar para trocar dinheiro. Na hora que voltei para Bolívia o guarda tinha passado a corrente na fronteira.

Todo o esforço para nada ☹!

A policial gente boa apareceu na porta da imigração, foi até lá na corrente, nos reconheceu e abriu a fronteira pra passarmos. Ufa!

Estamos ricos – Chegamos na Bolívia!

Da fronteira até o centro de Copacabana é um caminho escuro, andamos por uns 10km sem saber se teria alguma coisa pela frente, mas tínhamos esperança porque é uma cidade turística. Andamos, andamos sem nenhuma alma viva até ver os primeiros postes de luz. Chegamos ao centro e ali vimos hotéis, restaurantes, bares. Agora sim podemos respirar tranquilo.

Encontramos um bom restaurante com Chef e tudo, decidimos comer como se não houvesse amanhã porque o cardápio era bem variado e com pratos internacionais, além do tradicional Pollo, Arroz e Papas Fritas. No Chile e no Peru as coisas são mais caras, demos uma boa segurada na grana porque a gente nuca sabe o que pode acontecer. Na Bolívia as coisas são mais baratas e aproveitamos para comer uns três pratos, lá podíamos nos dar esse luxo, já que já estávamos voltando pra casa. Comemos bem aquela noite e fomos dormir. No outro dia o destino seria La Paz.

Lago Titicaca – Muito Prazer!

Copacabana – La Paz

Naquele dia o trajeto seria tranquilo, pouco mais de 155km até La Paz. Logo na saída, começava o perrengue de gasolina de novo hehehe. No primeiro posto que parei para abastecer falaram que tinha “acabado” a gasolina, mas ali no canto do posto ficava uma moça só observando o movimento. Ela chegou devagar, me chamou de canto e perguntou quanto eu queria de gasolina, negociamos o valor, ela foi lá pra dentro, voltou com uma garrafa d’água com gasolina dentro de uma caixa de papelão, me senti meio clandestino hehehe.

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No fundo o posto que a gasolina acabou quando cheguei

Partimos dali e começamos a subida da serra. Asfalto muito bom, curvas suaves e paisagens impressionantes com o lago Titicaca como protagonista dessas belezas.

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Fotinha estilo contemplação!
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Caminho certo
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Monumento para ver o Lago Titicaca lá de cima
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Registro antes de pegar a balsa…vai que hehe

O lago Titicaca é um lago nos Andes, é o mais alto do mundo e maior lago da América do Sul em volume de água. Aqui foi um momento bem emocionante hehe porque tínhamos que atravessar a moto por outro lado nessas balsas de madeira ao fundo, detalhe: junto com um ônibus e um carro. Esse dia foi loko!

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Deus está comigo!

La Paz a cidade dos teleféricos e ladeiras

Fiquei bem feliz quando cheguei em La Paz, A cidade é dividida em cidade alta e cidade baixa, algo que a gente só descobriria mais tarde de uma maneira tensa.

Você chega em La Paz pela cidade alta e é bem bacana porque logo na entrada já tem uma estação de teleférico. Pô, estamos em La Paz e um dos cartões postais da cidade é o teleférico. Paramos a moto na frente de uma tenda, pedimos para senhora do estabelecimento olhar enquanto fomos no teleférico. No meio do caminho vi isso:

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Confesso que não entendo até hoje o que significa
bilhete-do-telerférico
Bilhete do teleférico
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Lá em cima o silêncio reina, bem diferente das ruas

Observando as pessoas percebi que o teleférico é utilizado como meio de transporte e não para turismo. Faz parte do dia a dia da população para se deslocarem da cidade alta para baixa e evitarem um trânsito infernal parecido com o da Índia.

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Aqui como em toda a Bolívia a imagem de Evo Moralles está por todo lado.

Uma outra curiosidade que descobri, segundo a mulher do Airbnb onde ficamos, foi que as casas de La Paz são inacabadas por causa de uma lei da cidade que aumenta o valor dos impostos para casas finalizadas com muro rebocado e pintado, estranha essa lei.

Partimos para cidade baixa e ai começava as aventuras pelas ladeiras desafiadoras de La Paz.

Crise de Pânico – La Paz

O GPS não estava dando conta de qual caminho pegar porque tudo parecia contramão e uma loucura com tanta gente e carros nas ruas, erramos os contornos umas 3 vezes até que pedimos informação e um do motorista de van nos indicou o caminho, atravessamos no meio de todo mundo e saímos da muvuca, mas aquilo não era nada perto da descida.

La Paz parece que foi construída num vale rodeado por montanhas, é a 3ª cidade mais populosa do país a 3.700 metros de altitude. Assim que acertamos o caminho demos de cara com um morro e uma puta descida.

Uma outra curiosidade é que a capital do país não é La Paz, é Sucre, mas a sede do governo boliviano fica em La Paz.

Descemos devagar contornando as curvas, mas a descida era muito íngreme, o peso da Cida e da bagagem caiu sobre mim, a moto ficou pesada e difícil de segurar, o freio motor não estava dando conta de frear a moto e apelei pros dois freios, mas bem nessa hora o freio traseiro parou de funcionar, a Cida começou a se desesperar, gritava e chorava como uma criança contrariada pela mãe.  Consegui parar a moto e a Cida não conseguia descer de tanto pânico. Até para quem já tinha rodado até ali, havia chegado o limite.

Verifiquei o freio traseiro e vi que a pastilha havia acabado, estava ferro com ferro, não comentei nada com a Cida. Apenas falei que tinha arrumado na expectativa de acalmá-la. Ferrou! Antes de sair de viagem havia trocado os dois freios, não acreditava que havia acabado.

Depois de quase uma hora parado, ela se acalmou e topou prosseguir viagem. Fomos a 10km/h o resto do trecho até chegar às avenidas de La Paz, lá voltamos a velocidade normal. Esse dia foi bem tenso. A Cida havia me perguntado se teria que voltar pelo mesmo caminho, não sabia, mas suspeitava que sim. Ter que vê-la naquele desespero seria demais pra mim, cheguei a pensar em comprar uma passagem de avião para ela voltar para casa dali.

Chegamos na nossa hospedagem, fomos comprar algumas coisas para comer e andar mais um pouco de teleférico porque a intenção no outro dia era fazer a Estrada da Morte. La Paz tem muitas escolas militares, é comum ver diversos jovens estudantes militares pelas ruas, nos restaurantes, assim como em toda Bolívia o exército parece ser um patrimônio do país.

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Quem vê assim parece que foi tranquilão chegar em La Paz

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A felicidade de quem adora altura

Aproveitamos para lavar roupa, colocar as coisas em ordem, comer e definir o roteiro para a Estrada da Morte porque teríamos que fazer o trajeto e depois seguir para Cochabamba.

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Nossa anfitriã em La Paz – Mirtha

Saída de La Paz – O que a gente esperava aconteceu

Começamos a sair de La Paz e tivemos a brilhante ideia de sair no horário de pico da manhã, que cidade barulhenta, o GPS levava para um lado e estava interditado, levava pro outro era contramão, pro outro lado era rua sem saída. Estava bem difícil sair da cidade e em uma dessas ruas sem saída era uma puta subida, a Cida ficou nervosa e saiu da moto xingando tudo, vinha subindo um carro e o motorista não gostou. Eles começaram a discutir, um num entendia o que outro falava até que o motorista falou pra gente voltar pro nosso país, na hora foi tenso, mas hoje é engraçado. Nos informamos com umas pessoas que nos apontaram o rumo de onde era a saída, coloquei no Google Maps e fomos.

Começamos a subir e o que a gente temia aconteceu, o caminho de volta era o mesmo da chegada. Não tinha outro jeito a não ser encarar. Começamos a subir e quando estava embalado advinha o que tinha no meio da subida: um semáforo. Gente, quem coloca um semáforo numa puta subida daquela?

Só sei que a moto começou a voltar, os freios não aguentaram, a moto esquentou e tive que afogar para não descer em encostar nos carros de trás. A luz do óleo acendeu e fiquei ali por uns 10 minutos.

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Líquido que saiu pelo suspiro

A Cida desceu da moto e eu parei numa esquina. Esperei a moto esfriar. Na nossa frente havia um taxista com um carro bem velho, a Cida foi conversar com ele para que nos mostrasse o caminho até a saída de La Paz, ele topou, cobrou uma graninha e fomos. No meio da subida o carro do véio afogou! Lá vem ele na minha direção. Sei que deu um jeito no carro dando tranco de ré e tocou pra frente. Conversando com o taxista, ele perguntou como estava o Brasil, falamos que não estávamos vivendo nossos melhores tempos, mas estava indo. Já ele, disse que a Bolívia era uma maravilha, que Evo Morales era o pai deles e que tinha interligado todo o país por meio da construção de rodovias. Ok neh!

Finalmente chegamos à estrada! Agora era só tocar até Cochabamba!

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Lhamas de carona!

Cochabamba – Uma cidade inesperada

Na rodovia paramos em um buteko  em que vários caminhões estavam estacionados. Entramos, pedimos um refri e quando olhei pro lado, os caminhoneiros tomando um mé! É melhor redobrar a atenção!

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Dá pra perceber que o povo da Bolívia não é tão alto

A cidade é uma das maiores da Bolívia. Acredito que deva ser forte economicamente porque vimos diversos carros importados e belas residências, inclusive a nossa hospedagem pelo Airbnb foi a mais luxuosa até hoje com direito a aquecedor de privada hehe. Nosso anfitrião era uma cara gente boa que trabalhava com edição de vídeo para uma empresa no Canadá, trabalhava à noite e dormia de dia.

Saímos  a pé para jantar numa rua super movimentada e naquela noite comemos pollo hehe, estava bom.

De volta a Santa Cruz de la Sierra

Nossa aventura estava acabando, mas o trecho entre Cochabamba e Santa Cruz nos reservaria mais um pouco de emoção.

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Combinação explosiva: Frio, neblina, pouca visibilidade e motoristas bolivianos

É uma puta descida e nesse dia tinha bastante neblina, frio e junta com o respeito às leis de trânsito por parte dos bolivianos, é melhor ir na boa. Este trecho tinha bastante obra de empresas chinesas, coisas malucas. Construção de estradas e escavação de alguma coisa nas montanhas.

Muitos caminhões e vans descendo alucinados, chuva, curvas, trânsito parado e conforme a gente descia o tempo esquentava.

Chegamos em Santa Cruz por volta das 16h e fomos para nossa hospedagem em um condomínio próximo ao aeroporto.

Era dia 31/10 e muitas casas estavam enfeitadas com esqueletos e bruxas. Eu nunca ia imaginar que na Bolívia o Halloween fosse tão forte. Foi bem legal ver as crianças fantasiadas andando pelo condomínio pedindo doce e as famílias na frente das casas.

Chegando em Casa – Brasil

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Obrigado Chesus!

Saímos cedo de Santa Cruz e faltava pouco para chegarmos em casa, o Brasil. O dia estava bem quente, mas com trânsito tranquilo. Passamos alguns perrengues de gasolina, mas já não estávamos ligando para isso.

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No sea Cochino!kkkk

Estávamos muito felizes de voltar para casa. Chegamos na fronteira às 17h e lá fomos nós para a burocracia, mas dessa vez foi mais rápido.

Às 18h estávamos entrando em Corumbá.

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Viajar é bom demais, mas chegar no seu país tb é uma puta alegria

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Cambiamos  um dinheiro para o Real e entramos. Passamos pela avenida principal de Corumbá e a concessionária Honda estava aberta porque em Corumbá é uma hora para trás. Paramos e falei o que havia acontecido em La Paz e o pessoal trocou a pastilha de freio traseira. Ufa! Vir de La Paz ao Brasil sem freio traseiro foi osso, mas chegamos, Graças a Deus! De lá adivinha qual foi o primeiro lugar que paramos: Churrascaria! Estava louco pra comer um churrasco e feijão hehehe!

Depois da janta fomos dormir e cedo partimos para Campo Grande.

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Comércio famoso na rodovia do Pantanal

Lá troquei o óleo da Flecha e fui muito bem recebido pelo Bruno, gerente da concessionária Cometa Motocenter! O pessoal me atendeu super bem e fez todos os testes necessários! Num é puxando sardinha, mas Honda é Honda hehehe!

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Concessionária Cometa Motocenter – Campo Grande
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Bruno tb é motociclista e faz parte de um motoclube em Campo Grande/MS.

Depois da revisão, agradecemos, nos despedimos e partimos rumo a São José do Rio Preto/SP, aqueles seriam nossos últimos 600km dessa jornada incrível e até agora uma das maiores experiências das nossas vidas. Quase chegando tomamos uma chuva abençoada, só agradecemos a Deus por ter nos levado em suas mãos.

Quando cheguei na casa dos meus pais não aguentei, comecei a chorar como criança, abraço demorado, coração quase saindo pela boca para abraçar eles também, foi foda!

Agradecimentos

Queria agradecer a minha companheira de viagem, Cida, que me acompanhou por todo o tempo e em nenhum momento pensou em desistir, que aproveitou como podia cada km percorrido! Que decidiu fundar o Motoclube Pererecas de Ferro! Meninas mandem o contato pra ela Hahaha!

Quero agradecer a minha mãe pelas orações diárias! Sei que foram muitos dias de preocupação, mas Deus sempre esteve com a gente! Agradecer ao meu pai pelas palavras de incentivo, apoio e pela alegria por eu estar realizando esse sonho hehehe!

Meus amigos que fazem os passeios comigo e que me ajudaram, Eloi, Xurastei e Guy!

Agradecer aos meus amigos da Mg2 Hub que me aguentaram durante todo o ano de 2018 falando da viagem hehe!

Agradecer à Tarraf Danda Honda por todo o suporte e apoio dado à Flecha Prateada, se não fossem eles provavelmente as coisas teriam sido mais complicadas.

Agradecer a todas as pessoas que cruzaram nosso caminho, que fizemos amizades, as que ajudaram de alguma forma, as pessoas que deram a maior força lá no Instagram. O grupo de Whatsapp, NCzeiros Brasil, Confraria Big Trail e Allianza del Motociclismo.

Mas principalmente agradecer a Deus!

Não vá andar de moto na Bolívia!

Vá viver a experiência de pilotar uma moto na Bolívia! Vá! Vá! Vá!

Se me permite dar um conselho, simplesmente vá! É uma experiência extraordinária e transformadora. Já percebeu que a maioria das pessoas coloca barreira em tudo que faz? Coloca o pessimismo na frente. O medo do fracasso parece ser maior que viver a alegria do sucesso. Permita-se ser feliz, ousado(a), desafie seus limites, as pessoas que dizem que você não pode, que lançam olhar de dúvida e no fundo pensam que não vai conseguir.

Você só vai saber o tamanho da sua capacidade e quão extraordinário(a) é quando sair da sua zona de conforto.

Brincamos acima dizendo que temos mais de 7 vidas, mas só temos uma, ninguém sabe o que vai acontecer amanhã. Aproveite o hoje! Provavelmente você já deve ter ouvido aquela história do SE EU TIVESSE…, viver o SE é um dos piores sentimentos que temos porque vamos passar o tempo todo na dúvida.

Planeje-se!

Se for em amigos, ótimo! Casal, ótimo! Sozinho, ótimo! Mas vá!

Não espere se aposentar para viver. Viva hoje porque o tempo passa e ele cobra o seu preço.

E aí, já começou a planejar sua próxima aventura?

Mateus e Cida na Mão do Deserto
Obrigado pela leitura! Até a próxima!

 

NÃO É O DESTINO. É O TRAJETO.

Mats

 

O que levamos!

Moto: NC 750X 2017 – Flecha Prateada

Baú Central: 45L

Baús laterais: 21L cada

Pneus: Technic Stroker

Jaquetas: X11 Evo 3 (Mateus), Jaqueta Alpinestar (Cida)

Luvas: Riffel e outra de marca desconhecida

Capacetes: LS2 FF397 Vector (Mateus), LS2 FF358 Crazy Skull White (Cida)

Óculos Escuros – Dois

Mochila com duas jaquetas de frio e ferramentas para desmontar roda

Galão de Gasolina: 5L

Capas de chuva: Duas

Roupa: Três camisetas, duas calças, 5 – meias e roupa íntima, cachecol, balaclava, toalha(uma)

Bota: duas, cada um levou um par

Tênis: dois, cada um levou um par

Celular: Dois, um Asus Zenfone 5 (deu muito trabalho para conectar os chips estrangeiros) e Samsung J7 Prime (funcionou muito fácil em todos os países)

Aplicativos importantes: Google Maps, Airbnb, Conversor de Dinheiro, Whatsapp, Instagram

Seguro: válido apenas pro Brasil

Doleira: cada um levou uma para guardar dinheiro e documentos

Documentos: Passaporte, Carteira de Habilitação, RG (para imprevistos), Carteira Internacional de Vacinação (não pediram em nenhum momento), CRLV (documento da moto em dia)

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Dinheiro: 2 mil dólares

Tempo de viagem: 22 dias

Câmera: uma estilo Go Pro, mas chinesa (não presta)

GPS: Multilaser

Enforca Gato – vários

Spray para tampar furo e enchimento de pneu: dois

Querosene, Motul C4, Pano, Cera automotiva (para usar nas viseiras): um

Bala (doce): um pacote de bala para distribuir para as crianças (fez sucesso)

Aranha (elástico para prender as coisas): duas

Chave reserva (moto e baús): uma

Nécessaire com pasta de dente, shampoo, sabonete, escova de dente: uma

Acho que é isso.

VIagem Motorando_2018

18 comentários em “Viagem de moto pela Bolívia, Argentina, Chile e Peru com a Honda NC 750

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  1. Boa tarde!
    Excelente narrativa e parabéns pela aventura. Eu e minha esposa estamos com um roteiro pronto para o Peru e a Bolívia. Entrando no Peru pelo Acre e retornando ao Brasil por Corumbá.Vc teria mais alguma informação sobre o estado da rodovia entre Sucre e Santa Cruz de la Sierra, pelas ruta 5 e ruta 7???????
    OBG!!!
    MANOEL

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    1. Q legal Heitor! Fico feliz! O Blog tá um pouco desatualizado. Preciso postar a viagem q fiz pro Ushuaia em 2019, foi massa! Blumenau é uma cidade maravilhosa de transito rápido herege. Fui em 2017 na minha primeira viagem, cheguei pro Octoberfest! Quem sabe num vou te visitar um dia e vamos até a Serra do Rio do Rastro! Grande abraço irmão e bons ventos!

      Curtido por 1 pessoa

  2. Parabéns, cara, a voce e a tua esposa por encarar este desafio. Já fiz uma parte deste caminho e quando me lembro sempre vem a saudade e vontade de voltar, motoqueiros são assim, quando chegam de uma viagem já começam a preparar outra. Tenho uma NC750 vermelha, 2018. Quando vejo suas historias me dá vontade de arrumar as mochilas e partir prá algum lugar. Sou de Curitiba. Um braço, irmão da estrada.

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    1. Valeu Mauro! Eu tb tenho mesmo sentimento de voltar, agora pra rodar aproveitando mais os lugares! Verdade. Eu sempre chego pensando na próxima e é engraçado que qdo vou chegando perto de casa reduzo a velocidade pra sentir mais um pouquinho o prazer de pilotar! A intenção do blog é essa mesma: inspirar! Quem sabe a gente não se encontra aí por Curitiba! Grande abraço irmão!

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  3. Excelente narrativa, parabéns, só de ler eu também me emocionei quando vcs chegaram na mão do deserto, é uma aventura dos sonhos, também sou proprietário de uma nc 750x, e também estou planejando uma viagem internacional, muito obrigado por compartilhas essa aventura conosco.Sou de Curitiba, grande abraço!

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    1. Fala Júlio! Valeu mesmo. Com certeza é uma viagem inesquecível. Já faz 2 anos e ainda lembro da emoção como se fosse hj. Planeja sim sua viagem q dá certo e vc vai ver q é o dinheiro mais bem investido hehehe. Só te falo uma coisa, isso vivia e vc não vai querer parar 😅😅😅 Forte abraço e qualquer dia apareço por aí por Curitiba!

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