No carnaval de 2018 nós tiramos “o pé do chão”, colocamos nos pedais da moto e aceleramos para São Thomé das Letras/MG.
Uns dias antes da viagem fiz aquela manutenção na relação com o WD40 para soltar a sujeira, querosene para limpar o excesso, água e por último lubrifiquei a corrente com o Motul C4, esse último parece uma cola e conversando com o David Sauer de Francisco Beltrão/PR, ele disse que o ideal seria o Motul C3 porque o C4 é indicado para altas velocidades. Blza, às vezes dou uma esticada estilo Valentino Rossi, mas num é pra tanto hehe.
Saímos de Rio Preto no sábado,10/02/18 por volta das 7h e seguimos em direção a Olímpia/SP pela SP 265 e depois de uns 40 min de viagem a nossa companheira de sempre deu as caras: a chuva. Se viajarmos e não chover jogo na Mega-Sena no outro dia rsrs. Paramos pra colocar a capa e seguimos em frente. Carrego um lema:
“não importa a velocidade que você vá, continue andando.”
Passamos por Ribeirão Preto/SP, Mococa/SP e entramos em Minas pela cidade de Arceburgo. Parei no posto, e o primeiro susto, R$4,69 o litro da gasolina. Perguntei pro frentista porque era tão diferente o preço de SP, ele me disse que em Minas o imposto sobre a gasolina era maior e me tranquilizou dizendo que pra frente estava mais caro rsrs.
Sou suspeito pra falar sobre as estradas de MG, são rodovias na sua maioria simples e com bom asfalto, pecam um pouco pela falta de acostamento, mas a diversão fica por conta das curvas. Um dia desses peguei um Uber com um senhor ex-caminhoneiro que falou que puxava carga pra minas, ele me disse que os engenheiros de estrada de lá recebiam por curva hehe. Realmente é um estado com muitas curvas o que tornou nossa viagem no carnaval coma NC750X mais emocionante e nos
quesitos: desempenho, aceleração, frenagem e economia – Nota 10 😛
Quando vou a MG sempre paro para almoçar, ô lugar que faz uma comida boa, parece receita secreta passada de geração em geração. Passamos por Guaxupé e a chuva apertou pra valer na região de Muzambinho que só por curiosidade tem o segundo melhor carnaval universitário do Brasil, talvez pela universidade federal que tem lá, a rodovia estava bem movimentada no trevo.
Três Corações/MG
Chegamos à cidade de Três Corações, passamos por dentro e começamos a achar algo estranho.
A maioria das coisas na cidade tem o nome ou alusão ao Pelé (Edson Arantes do Nascimento).
Ginásio Pelezão, Buteko do Pelé, Café Pelé etc. no trevo da cidade tem um monumento gigante do Pelé com a marca registrada dele: o soco no ar. Mais tarde descobrimos que o jogador do século nasceu em Três Corações/MG, por isso o motivo das homenagens.
De Três Corações a São Thomé são 45km, mais ou menos. É uma estrada isolada, estreita e com muitas curvas. Quando começa a rodovia você já consegue enxergar bem longe STL, umas pedreiras e uma falha na mata nativa. Foi um trecho bem gostoso, vale a pena a pilotagem. Chegamos!
A mística São Thomé das Letras/MG
A cidade fica a 350km da capital Belo Horizonte e está a 1440m de altitude, apesar de ser uma cidade de um pouco mais de 6 mil habitantes, os locais não conhecem muito bem os lugares, nos informaram mais ou menos onde suspeitavam que ficava o camping e fomos.
As ruas de STL são todas de pedra (quartzito), aquelas pedras de beira de piscina só que com a ponta pra cima o que torna as ruas bem irregulares e faz com que você ande bem devagar. Andamos uns 800m e chegamos à estrada de terra. Estava chovendo e a terra estava bem fofa, descemos por cerca de 2,5km até chegar ao Bar do Jhonny e esperamos a chuva passar um pouco, aproveitamos para comprar o ingresso do show do Ventania
depois andamos mais uns 300m e chegamos ao camping do Robinho, este aqui
O camping tem uma boa estrutura com diversos banheiros, área verde, cozinha equipada com geladeira, animais com destaque para a vaquinha que fica solta no meio da galera.
Ali debaixo da cobertura estavam dois casais. Fomos nos apresentar e não acreditamos, eles também eram de Rio Preto. Ficamos muito felizes de encontrar pessoas da nossa cidade no mesmo camping. Galera gente fina, com muitos sonhos, muito talento sobre o skate e começando a empreender com a marca Dog Family
Estávamos em casa e aproveitamos pra fazer uma janta juntos.
No domingo saímos debaixo de um sol pesado, cometemos a bobeira de não levar dinheiro confiando só no cartão.
Lá o cartão não é aceito em todos os lugares e os únicos bancos que têm são o Itaú e uma lotérica.
O jeito foi ter que passar o cartão no posto Ipiranga na entrada da cidade e pegar um dinheiro sob uma taxa de 10% do valor.
Resolvido o problema da grana. Partiu!
STL é conhecida pelas suas cachoeiras e natureza, mas elas não são tão perto uma das outras, mas graças aos nossos amigos de Rio Preto descolamos um mapa.
Nossa primeira parada foi na Cachoeira Vale das Borboletas
É a cachoeira mais conhecida e a que dá mais gente por ser de fácil acesso e ter uma estrutura de bares e restaurantes na entrada.
Depois de algumas horas partimos pra Cachoeira São Thomé que está a uns 5km dali sendo todo o caminho de estrada de terra com nível de dificuldade de moderado pra hard, passamos por uma rave e tinha uma galera transtornada, na cachoeira esquecemos de fazer foto. Ela não é tão visitada e talvez por isso encontramos um grupo de umas seis pessoas meditando e cantando mantras. A água estava bem suja por causa da chuva do dia anterior e resolvi não entrar.
Voltamos para cidade para almoçar e conhecer os picos. Paramos num restaurante simples, mas comida boa por R$15,00. Comida é barata na cidade diferente da cerveja que é uma facada, para ter noção uma garrafa de Skol de 600ml custa R$10,00. Acho que eles não gostam de bebuns por lá.
STL é um lugar habitado por hippies, tudo lá gira em torno do místico e sobrenatural, andando pela cidade é fácil você dar de cara com grandes magos de pedra e magos reais hehe. Na praça central ficam as bancas hippies vendendo o trampo de durepox. São artistas que adotaram um estilo de vida alternativo vivendo apenas da sua arte.
Existem também algumas galerias que vendem de tudo, de lembrancinhas a duendes e cristais energizantes. Apesar do estilo alternativo STL é bem comercial, sempre tem alguém querendo te vender alguma coisa. Na pracinha também tem um supermercado que dá pra comprar as coisas mais em conta.
Ventania
Por lá você também encontra cada figura. Nós demos a sorte de estacionar do lado de onde o Ventania vendia os seus cd’s. Se você não conhece o Ventania acesse aqui.
Cachoeira da Gruta
Depois da visita à cidade e quase nirvana continuamos rumo às cachoeiras e a nossa próxima parada foi a Cachoeira da Gruta, afastada da cidade cerca de 8km. É uma cachoeira abandonada com uma placa que quase não dá pra ver o nome e fica dentro de uma propriedade particular. Pra entrar tem que passar por umas duas porteiras.
A cachoeira não é extraordinária, pra falar a verdade achei meio perigosa, portanto não recomendo esse passeio, uma porque é longe, está bem abandonada e na queda é bem funda. Saímos de lá e voltamos pro camping.
Estávamos bem cansado do sol e à noite ainda tinha o show do Ventania que estava marcado pras 23h. Nos arrumamos e subimos pro show no Bar do Jhonny umas 22h45. Chegamos lá estava tudo fechado e apagado. O técnico de som nos informou que o Ventania só iria tocar lá pelas 3h da manhã e que não teria nada pra comer. Ficamos meio putos porque o show estava marcado pras 23h.
Voltamos pro camping e fomos atrás de janta. Fomos ao camping pra baixo do nosso onde tinha uma lanchonete, pedimos o único lanche que tinha e beliscamos um churras de uma galera de São Paulo. Deu pra matar a fome.
Fomos dormir, mas da barraca deu pra ouvir o show inteiro do Ventania.
Pra completar, no meio da noite percebi que o nosso colchão estava furado.
Camping sem perrengue não é camping. Cedo peguei uma bucha de lavar louça, coloquei detergente e passei pelo colchão para achar o furo que era bem pequeno. Resolvi ir na cidade para comprar super bonder. Aí foi diversão porque pra andar com a NC750X na terra com garupa não é muito legal, mas sozinho é diversão. Subi acelerando, escorregando, derrapando e levantando poeira, foi massa. Deu pra andar um pouco mais rápido.
O Lucas (Coruja) é artista plástico e ensinou a fazer um remendo com sal e super bonder. Falo sério.
Momento dica pra vida
Você esvazia o colchão e na região do furo joga o super bonder e depois o sal. Espalha, pressiona e deixa secar por uma hora.
Deu super certo e pude dormir na última noite.
Cachoeira Eubiose
Atrás do nosso camping ficava a Cachoeira Eubiose, confesso que foi a mais legal que conheci em STL e estava lá atrás o tempo todo, uma caminhada de 10 minutos.
A cachoeira tem uma água fria, gostosa e depois de um tempo debaixo parece que você sai de alma lavada e renovado. Cachoeira sempre é bom demais.
Pirâmide – São Thomé das Letras/MG
Voltamos para o camping, preparamos um almoço com toda galera e depois fomos dormir pra depois ir para o pôr do sol na Pirâmide.
A pirâmide fica no topo da cidade. Depois que acaba a rua começa uma caminhada até lá.
Neste caminho você vai ver muitos montes de pedras. Os nativos acreditam que quando você coloca pedra sobre pedra tem que realizar um pedido. Quando alguém derrubar essas pedras seu pedido será atendido e a pessoa que derrubou tem que amontoar novamente e realizar um pedido, meio que como aquelas correntes de e-mail no Power Point dos anos 2000 (quem nunca abriu atire a primeira pedra, tu dum pis).
Neste lugar é onde todos os dias as pessoas se reúnem para apreciar o pôr do sol, desejar boas vibrações, contemplar a natureza e toda sua magnitude. Dizem que o primeiro morador de STL morou nesse local por muitos anos.
Depois seguimos até a praça para apreciar a vida noturna de STL. Sentamos num barzinho de esquina e ficamos jogando conversa fora com os hippies que aqui acolá vinham vender um trampo, apareceu até um de uma tribo do Amazonas chamado Burukutu (nome dele), falou que morava na França e disse que na Europa hippie não tem vez.
Fomos dormir e na terça,13/02, levantamos acampamento e partimos. Na saída aconteceu algo inusitado. O cachorro do camping dormiu a noite toda do lado da nossa barraca, quando fomos embora ele veio atrás. Nos seguiu por uns dois quilômetros parecia que queria vir embora com a gente, eu olhava no retrovisor e ele continuava a correr e em certo momento me distraí e passei por um buraco, a barraca caiu e tivemos que parar, o cachorro nos alcançou e eu que gosto de cachorro, tive que mandar ele embora. Foi triste. Teve gente que chorou.
Seguimos viagem e a nossa meta era parar em Varginha para conhecer o famoso E.T. Bilu
A volta foi tranquila, mas chegando perto de Olímpia o tempo fechou e começou a chover e cair muitos raios, às vezes pareciam que caíam do nosso lado.
Num desses raios aconteceu uma coisa incrível.
Não sei se foi instinto ou susto, mas em um dos raios senti como se ele tivesse atingido minha mão esquerda. Senti um choque na mão e soltei o guidão. Foi muiiiiito estranho. Resolvemos parar e esperar a chuva passar.
Graças a Deus chegamos bem e com uma história de Carnaval.
motorandonc750x.wordpress.com 
Parabéns pelo blog Mats, não imaginava que São Thomé fosse tão linda, me deu vontade de conhecer as cachoeiras e grutas. Com certeza vai entrar na lista de lugares para conhecer um dia. Abraço do preto.
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Massa Rubens Domingues! Com certeza é um lugar que tem q estar na lista de viagem. É diferente e uma experiência única!Abs
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Mto massa o rolê e o compartilhamento de experiência!
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Ow, valeu Xurastei Xuragow! Grande Abs!
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