Expedição Dois Malucos e a Flecha Prateada pelo Sul do Brasil – Honda NC750X

Longas viagens de moto são o sonho da maioria dos motociclistas, não é à toa que a cada feriado prolongado, na estrada, cruzamos com diversas motos de todos os modelos e estilos.

Neste ano, quando confirmei a data das férias tive a certeza que era o momento para realizar minha primeira viagem longa. Conversei com a patroa e perguntei se ela toparia encarar uma viagem de quinze dias, ainda sem o destino definido, prontamente ela perguntou: Quando será a viagem? Era só o que precisava pra dar início a esse sonho.

Começamos a planejar onde queríamos conhecer. Eu nunca tinha visitado o sul do país, ela também não e por lá existem roteiros indispensáveis para qualquer motociclista.

Como moro em São José do Rio Preto/SP para ir até Curitiba/PR naturalmente eu teria que fazer a Serra do Rastro da Serpente e a partir daí desenrolaríamos toda viagem.

O roteiro completo foi este: MAPA DA VIAGEM

Saímos no domingo 15/10/17 rumo a Capão Bonito/SP por onde iniciaríamos a descida da serra,

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Fui! Fomos!

as rodovias no estado de São Paulo são muito boas e as principais são duplicadas e não cobram pedágio para moto, no caminho colei meu primeiro adesivo do blog num posto de combustível na cidade de Itapetininga/SP.

Adesivo Motorando Nc750X
Colando o primeiro adesivo do Motorando NC750X

 

1200 curvas debaixo de chuva – Serra do Rastro da Serpente

 

Chegamos a Capão Bonito e pra nossa surpresa o ponto dos motociclistas na cidade estava fechado.

Mas valeu o registro. Nos hospedamos numa pequena pousada na rua Marechal Deodoro (rua que sai na frente do posto da foto) fica no quarteirão à frente da igreja Assembleia de Deus. Pagamos R$40,00 o casal pela noite com direito a café da manhã. Nossa meta era gastar pouco com hospedagem.

Na segunda às 8h o bar estava aberto e o dono, um cara super simpático, nos informou que o bar Porthal Rastro da Serpente fecha meio dia no domingo, portanto se for ao bar, pesquise o horário de atendimento.

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O Porthal

No dia seguinte partimos e a chuva decidiu nos acompanhar. O Rastro da Serpente tem 1200 curvas, você sai de uma e entra em outra, tem poucas retas (que também são meio tortas hehe), tráfego de caminhão, mas nada que impeça a adrenalina de fazer as curvas.

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Fotinha estilo Usain Bolt
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Primeira parada – Apiaí

Na minha opinião o trecho do estado de São Paulo não tem tantas belezas e áreas para foto, mas emoção já é o ponto alto dessa estrada, principalmente porque a rodovia está um tapete com 90% das obras acabadas. Já no Paraná o cenário muda e tem muitas belezas para apreciar durante o trajeto. Paramos algumas vezes pra ir ao banheiro e conhecer as pessoas da região, isso é muito importante em qualquer viagem. Por isso, nossa ideia era nos hospedar pelo aplicativo Airbnb, o aplicativo que permite a hospedagem na casa dos moradores locais.

Fizemos o percurso de 260km em 6h. No Paraná a chuva deu trégua e conseguimos chegar secos em Curitiba.

Curitiba / Morretes. Nosso primeiro desafio

Em Curitiba nos hospedamos na casa do Ednei, pelo Airbnb, um professor de Educação Física com super alto astral, comunicativo que ajudou em tudo que precisávamos e nos deixou bem à vontade no seu apartamento.

Conhecemos o ponto turístico, talvez mais conhecido de Curitiba, o Jardim Botânico. É um grande parque onde as pessoas aproveitam para caminhar e fazer exercícios.

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Jardim Botânico
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Aquele grafite que você respeita

O bom é que o parque abre bem cedo o que nos ajudou a conhecer e continuar viagem até Morretes/PR, caminho para fazer a Estrada da Graciosa.

Na descida até Morretes nosso primeiro desafio de motociclista de primeira viagem. Depois do pedágio, a serra estava completamente tomada pela neblina, os caminhões sumiam e ficamos com um certo medo de descer pela falta de visibilidade dos caminhoneiros.

pedágio curitiba
Depois do pedágio em Curitiba sentido Morretes. Se os caminhões sumiam na neblina e chuva, imagina a moto. Tenta identificar aquele carro ali na frente.

Depois de uns 20 minutos de espera decidimos descer bem devagar a BR277, mas os caminhões desciam a milhão jogando água e atrapalhando a visibilidade. Não preparei meu capacete, um LS2 Vector FF 397, para enfrentar chuva, portanto tive que abrir a viseira e tentei usar a viseira interna (não é recomendado), confesso que ajudou bastante.  A nossa frente um caminhão descia no nosso ritmo limpando o tempo e nos dando visibilidade, resolvi descer atrás dele por segurança. Descemos por uns 8km até o momento que o tempo abriu e conseguimos enxergar a rodovia. Ultrapassei o caminhão, buzinei como forma de agradecimento e acelerei.

Final da descida de Curitiba a Morretes
A patroa agradecendo a Deus depois da descida com visibilidade zero

Em Morretes a chuva não deu trégua, entrei em contato com o amigo Lisandro do grupo de Whatsapp BMW GS World que mora em Morretes, que me orientou a não subir a Serra da Graciosa por questão de segurança. Pensei, o cara é morador daqui e casca grossa, se ele falou é melhor ouvir. Pensamos em conhecer o Barreado, mas acabou que estávamos sem fome e deixamos pra próxima.

Barreado
Famoso Barreado de Morretes/PR

Do Barreado à Cerveja Artesanal

Seguimos nosso caminho para Blumenau/SC percorrendo uns 260km.

A rodovia tem boas condições, é cheia de serras e é rota de caminhões que estão descendo pra Joinville e litoral catarinense. Num dos pedágios um caminhão ficou parado com as rodas queimadas de tanto que a serra exigiu dos freios. Saímos da BR101 e seguimos rumo a SC108, passando pela famosa Rota do Arroz, foi muito legal porque nunca tinha visto uma plantação de arroz e não sabia que o arroz nasce em brejo rsrs.

Passamos por Jaraguá do Sul, Massaranduba e Blumenau/SC.

Chegamos em Blumenau por volta das 17h45. Estávamos bem cansados, o trânsito estava congestionado, como cidade grande, pra completar não tínhamos feito reserva de hospedagem. Parei num posto de caminhoneiro, tirei o celular do bolso e comecei a pesquisa. A patroa já estava um pouco nervosa por causa do cansaço. No Airbnb encontramos a casa da Cleusa, mandei mensagem e ela nos respondeu rapidamente falando que podíamos nos hospedar na casa dela. Chegamos na casa, um condomínio de apartamentos, ela nos recebeu e tivemos uma imensa surpresa: Deus tinha colocado um anjo no nosso caminho. A Cleusa é uma mulher aposentada super pra frente com uma energia boa, comunicativa, se deixasse ela passaria a noite inteira conversando, mas quando o papo é bom, é assim mesmo. Tomamos banho e partimos de Uber para o Parque Germânico onde é realizado o Oktoberfest. Como era uma terça, a entrada estava R$12,00, mas de final de semana alguns Uber me falaram que os cambistas estavam vendendo ingresso a mais de mil Reais.

Durante a semana o Oktoberfest é uma festa bem familiar, muitas crianças trajadas, coisa linda. Nossa noite foi bem divertida, pudemos experimentar boas cervejas como a Eisenbahn, Cerveja Blumenau e Bierland, esta última na minha opinião a melhor do parque.

Oktoberfest
Na casa da cerveja – Oktoberfest – Blumenau/SC
Chesus é bom!
Parque Germânico
Parque Germânico onde a música alemã rola solta
Parque Germânico
Área externa do parque

No outro dia fomos a Pomerode/SC de Uber, dá uns 30km de Blumenau, dizem que é a cidade mais alemã do Brasil.

Pomerode
Miss simpatia

Tomamos uma cerveja na Schornstein, bebemos na fonte,

Cervejaria Shornstein
A fonte – Cervejaria Schornstein
Weiss Schornenstei
A torneira da fonte – Uma Weiss pra começar

depois fomos a uma cervejaria na avenida principal onde tomei esta cerveja também produzida na cidade:

Cerveja de Pomerode
Cerveja India Pale Ale feita em Pomerode – Forte hein

Voltamos de ônibus porque não tem Uber em Pomerode. Vimos umas meia hora de desfile em Blumenau e fomos embora. É legal, mas é bem longo e cansativo depois de um certo momento.

Desfile Oktoberfest
Desfile Oktoberfest

No outro dia acordamos arrumamos a bagagem, a Cleusa fez um café pra gente e nos despedimos com dor no coração porque estávamos deixando uma mãezona pra trás, mas levamos em nossos corações.

Experiência que só o Airbnb poderia proporcionar

Seguimos para a BR101, uma das melhores rodovias que já andei, bem sinalizada, sem buracos, limpa, com várias faixas que permitem uma boa velocidade e algumas belas paisagens. Rodamos por uns 150km, o trajeto foi tranquilo e sem chuva. Chegamos à bela Florianópolis, devia ser umas 14h, pegamos trânsito leve e chegamos a nossa hospedagem próximo da região da Lagoa da Conceição, uma cabana bem aconchegante numa vila familiar.

Deixamos as coisas no quarto e partimos pra Praia da Joaquina e depois Campeche.

Praia da Joaquina - Floripa
Primeira vez que a Flecha Prateada viu o mar – Praia da Joaquina

Nosso anfitrião do Airbnb em Florianópolis foi o Hugo, um jovem de poucas palavras, mas um talento incrível em fazer cerveja, isso mesmo, ele fabrica cerveja em casa de forma rústica e artesanal.

Eu não acreditei. Ele me levou pra conhecer a minicervejaria dele no fundo de casa que dividia espaço com tanque de lavar roupa e varais. É uma cervejaria bem organizada e completa. Fabrica cerveja desde 2010, já errou bastante, mas agora posso falar com segurança, depois de ter passado pela Ocktoberfast, que a cerveja da SBIZZO, nome de batismo da cervejaria, é uma das melhores que já tomei na vida. Guardem bem esse nome, ainda vai ser grande: Cervejaria SBIZZO.

Neste dia, o Hugo recebeu uns amigos pra um churrasco, tinha me avisado antes e me convidou pra participar. O churrasco rolou no esquema motel, cada um traz o que come. Até aí normal, a não ser pelo fato de que o primeiro convidado que chegou trouxe um queijo gorgonzola, produzido por ele. O outro trouxe manteiga, produzido por ele. Outra família trouxe legumes, cultivados por eles, a cerveja era feita pelo Hugo e de repente chega uma fornada de pão feita na hora com fermento orgânico. A maioria dos convidados eram envolvidos com a UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. Uns fazendo mestrado, outro doutorado, um casal vendeu tudo e resolveu viajar pela Ásia durante 2 anos com a mochila nas costas e os dois registraram tudo no blog Viasiando.

pão com fermento orgânico
Pão feito na hora com fermento orgânico

Colocaram os legumes na churrasqueira e finalmente a carne, aí pensei comigo agora vou pegar esses caras e disse de peito estufado: Só falta vocês terem criado o gado também! Rááááá. Inteligente!

Uma voz serena soou de repente dizendo: “Nosso pai mora no Mato Grosso, ele cria o gado e quando vem pra Floripa traz pra gente!”

Ah! Depois dessa tive que ir dormir! Hehehe. O grande barato de se hospedar na casa das pessoas da cidade é experimentar como as pessoas vivem no dia a dia, seus hábitos, cultura e comportamento. Confesso que não foi uma das melhores noites de sono, mas com certeza uma das experiências mais marcantes da viagem.

No dia seguinte o Hugo deixou um café pronto pra gente e partiu pra Universidade, ah, na casa dele não se usa açúcar, substitui por mel.

De saída de Floripa
GPS OK. Arrumar a bagagem e partir
Raposinha
Raposinha – Guardiã da casa do Hugo
Mirante da Lagoa
Tchau Floripa – Mirante da Lagoa

Serra do Rio do Rastro. A serra que dá vontade de ficar subindo e descendo

No outro dia cedo voltamos para BR101 e seguimos até Lauro Muller/SC.

Nossa despedida da região litorânea foi quando passamos pela ponte estaiada Anita Garibaldi, em Laguna/SC. Passamos por Tubarão e pelas pequenas cidades de Pindotiba e Orleans, nessa região dá vontade de andar bem devagar pra ir apreciando cada paisagem. Chegamos a Lauro Muller e ficamos bem felizes porque estávamos num lugar que só conhecíamos pelos vídeos do Youtube, a famosa subida da Serra do Rio do Rastro.

Chegada a Lauro Muller
Lauro Muller – Serra do Rio do Rastro

Logo na entrada fica a Cervejaria Lohn Bier considerada uma das melhores da América do Sul.

Abastecemos e ansiosos partimos pra subida, passamos pelo centro da cidade e chegamos ao pé da serra. No primeiro mirante paramos, estávamos curiosos para saber como seria aquela vista.

Mirante Serra do Rio do Rastro
Mirante na Serra do Rio do Rastro

A Serra do Rio do Rastro possui apenas 8km de extensão (uma pena) e 250 curvas. A paisagem é de tirar o fôlego, com imensos paredões e montanhas cheia de vegetação nativa. No dia que subimos estava bem nublado dando uma beleza única ao nosso passeio.

poser
Você é o próximo a subir
Serra do Rio do Rastro
Serra do Rio do Rastro

Paramos em um mirante que é ponto de fé e peregrinação, fizemos nossa oração por uma boa viagem. Ao lado se vê água limpinha escorrendo pelas pedras, aproveite pra beber e matar a sede. Gelada e gostosa.

Oração na Serra do Ro do Rastro
Momento de fé
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Momento de sede. Água gelada descendo a serra

A serra é cheia de curvas fechadas e com pontos cegos, os caminhoneiros mais experientes fazem as curvas bem rápidas, por isso é importante ficar atento e pilotar com margem de segurança. O asfalto é bem conservado o que facilita você apreciar mais as paisagens do que ficar atento aos buracos.

A Flecha Prateada subiu bem cada curva, firme e potente quando necessário, estávamos carregados, mas isso não foi nenhum problema para a NC750X. É incrível como essa moto é silenciosa e agressiva.

Chegamos ao final já na cidade de Bom Jesus da Serra e fomos recebidos pelos amigáveis quatis.

Quatis da Serra do Rio do Rastro
Se enturmando com locais
Quatis
Pose pra foto

Não se engane com esses animais, eles parecem fofuras, mas são verdadeiros oportunistas rsrs e fazem de tudo por comida, inclusive furtar os alimentos da sua mão. Fique esperto. Brincadeiras à parte, os quatis são um show de simpatia e são parte fundamental da beleza do lugar e se for alimentá-los a dica é comprar pipoca doce, aquela rosa, eles adoram, mas cuidado, eles conhecem a embalagem e quando menos esperar vão tomar de você (aconteceu isso com a gente).

Quatis 2
Esses humanos não me deixam dormir

O dia estava nublado e não deu pra apreciar o horizonte e suas belezas, o jeito foi continuar viagem agora até Urubici/SC.

A manifestação quis nos parar

Do mirante da Serra do Rio do Rastro até Urubici deve dar uns 80km. Quem viaja de moto tem o seu planejamento de que horas vai sair e que horas chegar, o problema é cumprir o planejamento com cenários incríveis e curvas durante o trajeto que parecem um playground. Chegando à cidade tem um mirante em que você pode ver Urubici do alto dando a dimensão do tamanho.

Chegada a Urubci_SC
Cartão de boas vindas de Urubici

Um fato curioso que achei é que as casas da cidade possuem chaminé, principalmente porque moro numa cidade que no inverno faz 30 graus na sombra.

Chegamos à hospedagem que reservamos pelo Airbnb e ficamos no chalé da Leandra. Uma jovem que trabalhava em hostel e agora decidiu abrir seu próprio negócio. Logo de cara fomos recebidos pela simpática Rita sentada tranquilona no sofá dela.

Rita
Rita – Tranquilona

Subimos nossas coisas pro quarto que parecia um sótão e o legal é que tinha varanda. A Leandra nos convidou para descer até a cozinha para deixar as coisas molhadas perto do fogão, aí que entendi como funcionava a lareira. Ela fica queimando lenha o dia inteiro e aquecendo a casa. Nos fundos do terreno passa um riacho tranquilo que em dias de calor deve ser bem disputado.

Quem vai a Urubici naturalmente precisa conhecer a Pedra Furada, Morro da Igreja e Cascata Véu da Noiva, por isso fomos até ao centro retirar autorização para subir a serra.

A emissão da autorização é feita na sede do ICMBio em Urubici na Av Felicíssimo Rodrigues Sobrinho, 1542 – Bairro Esquina e ocorre das 8h às 12h e das 13h às 16h30. Pegamos nossa autorização rapidamente para subir no dia seguinte, uma pulseira como as de balada, mas reutilizável. Atenção você não pode subir sem autorização.

No dia seguinte tomamos café numa padoca na avenida principal e fomos em direção a Serra do Corvo Branco. As rodovias são bem sinalizadas indicando a direção, não tem como se perder, o asfalto acaba quando inicia a serra. É uma estrada de pedra, parece cascalho, com pouco movimento, a maioria de turista, moradores da região e ciclistas, a Flecha Prateada foi tranquila, andou bem pelos mais ou menos 5 ou 8km até chegar a Serra do Corvo Branco.

Serra do Corvo Branco
Um pouquinho de história

“A serra recebe este nome devido a uma ave conhecida como Urubu-rei. Esta ave, de plumagem branca e alguns detalhes coloridos, desconhecida pelos habitantes locais, foi apelidada erroneamente de corvo, originando o nome Corvo Branco.”

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Segura o coque samurai linda
Flecha Prateada na Serra do Corvo Branco
Flecha Prateada cortando a Serra do Corvo Branco

No lugar venta muito e tem uma energia boa, realmente é diferente, dá vontade de ficar ali por horas, mas o passeio tem que continuar.

Serra do Corvo Branco_Moto
Uma serra pra chamar de sua. Não tinha turistas nesse dia.

Começamos a descer a serra e o asfalto está bem ruim, aliás, quase não tem asfalto. A descida é cheia de pedras, terra e de uma lado um abismo, é necessário descer com cuidado porque de vez em quando você cruza com um carro subindo que acha que está sozinho na serra. Com cuidado dá pra descer tranquilamente, não é nada de outro mundo.

Serra do Corvo Branco 2
Esta descida esperava pela gente

Ao final da serra continuamos reto por um asfalto novo, queríamos dar a volta até Urubici,

igreja
Igreja de Aiurê

percorremos 12km até chegarmos a um vilarejo chamado Aiurê, andamos mais um pouco e fomos parados por um bloqueio.

manifestação
Fecharam geral
manifestaçao sc
Aqui ninguém passa

O asfalto depois da serra está novo e impecável, apenas faltando pintar e sinalizar exceto por um pequeno trecho de 1km, motivo da manifestação. Moradores da região se juntaram para colher assinaturas para forçar o governo do estado a asfaltar, mas, segundo as pessoas com quem falei, o proprietário da terra está pedindo um milhão e meio de reais do governo para deixar o asfalto passar por dentro da propriedade. Dei minha assinatura para ajudar e resolvi retornar e voltar pela Serra do Corvo Branco, pra falar a verdade foi até melhor porque pudemos ver a paisagem por outro ângulo.

Saímos da serra e paramos pra almoçar num restaurante chamado Santo Antonio na rodovia perto da subida do Morro da Pedra Furada.

restaurante santo antonio urubici
Quem tem grupo de Whatsapp de moto tem amigos no país inteiro

Paramos a moto, sentamos, comemos um pouco e o dono do restaurante veio me falar que o farol da moto estava aceso, que cabeça a minha. Conversamos um pouco, falamos sobre moto e ele disse que também tinha moto, uma BMW 1200, eu disse que fazia parte de um grupo de Whatsapp chamado BMW GS World que por coincidência ele também participava rsrs. O nome dele é Cesar Atila, parecia que a gente se conhecia fazia tempo, trocamos mais umas ideias sobre viagem, nos deu umas dicas, um desconto no almoço hehe e seguimos em frente agora até o Morro da Pedra Furada.

A chuva resolveu castigar de novo, mas não teríamos outra oportunidade como aquela então resolvemos subir. Chegamos ao posto onde tem que dar a autorização, continuamos e devido à chuva resolvemos continuar até à base da Aeronáutica. Um dos principais desafios foi a forte neblina e as rajadas vento lateral que empurravam a moto e fazia com que fizesse mais força para segurar a NC750. Chegamos ao topo, cerca de 1.882 metros de altitude onde fica o DTCEA (Destacamento do Controle do Espaço Aéreo) que é responsável por manter em operação um radar capaz de visualizar todo o espaço aéreo entre o Rio Grande do Sul e o interior de São Paulo. Além do frio, as rajadas de vento na região podem chegar a 130 km/h.

Morro da Pedra Furada
Base da Aeronáutica ali atrás. Vento nervoso

Ficamos por pouco tempo e resolvemos descer e voltar à hospedagem. Nossa missão estava cumprida depois daquela chuva. Dormimos e no outro dia partimos rumo a Porto Alegre.

Piá! Polar Bah!

Saímos de Urubici rumo a BR101 com destino a Porto Alegre/RS, para nossa alegria descemos a Serra do Rio do Rastro, mas com muita neblina e chuva. Na BR101 a chuva nos acompanhou até a divisa com o Rio Grande do Sul. A partir daí foi só alegria, sol e uma boa rodovia. Um fato que me chamou bastante atenção ao entrar no RS foi o amor que os moradores têm à bandeira do estado. As fábricas hasteiam com orgulho a bandeira, as fachadas das lojas e empresas têm identificação com as cores, os outdoors também, ou seja, próximo a Porto Alegre as pessoas respiram RS, algo muito bonito de se ver num país tão desacreditado. Outra coisa que achei bem interessante e que nunca tinha visto foi que ao lado do bebedouro de água gelada tem um bebedouro de água quente. Achei muito legal, abri a torneira só pra confirmar se estava quente mesmo, queimei o dedo. Os apreciadores de chimarrão agradecem.

De Osório/RS a Porto Alegre pilotei por uma freeway rodovia destinada apenas ao tráfego motorizado de alta velocidade, ou seja, todo mundo anda rápido. Nessa rodovia foi onde a moto fez menos km/l, cerca de 18km/l, afinal estava carregado e andando rápido.

Chegamos na casa do Fernando, nossa hospedagem do Airbnb em Porto Alegre, um apartamento no térreo, pensa num cara gente boa, preocupado com o nosso conforto, super comunicativo e divertido. Nos tratou muito bem e nos deixou bem à vontade.

Depois de nos alojarmos, a primeira coisa que fizemos foi ir ao posto de combustível quase do lado do ap e compramos uma Polar hehehe, ir ao Rio Grande do Sul e não beber uma polar é a mesma coisa de ir à Minas e não comer um pão de queijo. Cerveja boa, leve e você só encontra lá. Era um domingo e aproveitamos pra conhecer a vida noturna da cidade.

Cerveja Polar
Polar só no Rio Grande do Sul

Fomos num  bar chamado 20BARRA9 onde o garçom me assaltou na entrada cobrando R$12,00 numa long neck de Sera Malte, mas em compensação as mulheres pareciam que tinham saído da revista e entrado no bar, pra falar a verdade me senti desprivilegiado de beleza até perto do mendigo que me pediu um trocado.

Saímos do bar e fomos pra Cidade Baixa, região conhecida pela quantidade de bares e por ser o local preferido dos jovens e boêmios da cidade.

Nossa ideia era ir nos pubs e tentar encontrar bandas promissoras de Rock. Chegamos num bar chamado Rock’N’Soul e logo na portaria falamos da nossa ideia e acabaram com nossa expectativa. Nos informaram que faz mais de dez anos que a cena alternativa do Rock perdeu espaço e que as bandas de som autoral não são mais tão valorizadas como nos anos em que revelaram bandas como Engenheiros do Hawaii, Bidê ou Balde, Cidadão Quem e mais recente Cachorro Grande. Mesmo assim curtimos o som da banda universitária que tocava no bar.

Cida em Porto Alegre
Pose pra foto
Batman e Super Homem Beijando
Tem que ser um herói pra amar

Como acabar com seu dinheiro em minutos

Fomos rumo a Gramado/RS, a estrada é um tapete e bem sinalizada, cheia de curvas e muito boa pra pilotar. Seguimos por Gravataí, Morungava, Santa Cruz da Concórdia, Três Coroas e Gramado. Tentamos passar pelo templo Budista no caminho, mas as placas informavam que só abre para visitação a partir de quarta, infelizmente vai ficar pra próxima.

Chegamos em Gramado e a arquitetura me lembrou muito Blumenau, deve ser por causa da mesma colonização alemã.

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Não acreditava que estava de moto em Gramado/RS

Sinceramente ficamos muito felizes de estar naquela cidade, com um clima agradável, muitos turistas em plena segunda, e tranquilo para passear a pé.

Arquitetura de Gramado
A arquitetura é um show a parte

A cidade estava se preparando para o Natal, por isso estava iniciando a decoração, mas já estava respirando as festas de fim de ano.

Confesso que a Elaine estava bem mais entusiasmada do que eu, talvez por ser chocólatra. Passeamos pela rua principal do começo ao final e na volta ela já mirava uma loja de longe. Os passos ficaram acelerados e não era pra menos, a primeira loja a ser visitada foi a de chocolate.

Cida e o Biscoito
Mais que amigos. Friends.

Fiquei lá fora olhando o movimento e dentro de poucos minutos ela volta e fala que tinha deixado todo dinheiro dela na loja. Quase voltei lá pra devolver todos aqueles chocolates. A desculpa foi que ela traria para família, mas família nunca sentiu nem o cheiro dos chocolates de Gramado rsrs. Lá também aproveitamos para almoçar num restaurante em que havia um simpático garçom na entrada que em uma conversa rápida me disse que estava no quinto casamento, ele disse que metia o loko quando dava na telha, mas parecia ser um cara gente boa. A comida em Gramado é muito boa, vale a pena experimentar.

Tudo em Gramado é caro. Depois do almoço demos mais uma volta e fomos em direção a Canela.

Uma cidade pequena e amigável com a Catedral de Pedra – Nossa Senhora de Lourdes –  no estilo gótico como ponto turístico principal.

Canela
Canela/RS

Em Canela tem um teleférico no Parque da Serra. Fomos até lá, mas infelizmente estava em manutenção. O preço também num é dos mais convidativos, R$42,00 por pessoa para subir. A cidade também possui outros parques. Decidimos voltar para Porto Alegre e viemos por um caminho diferente passando pelas cidades de Novo Hamburgo, São Leopoldo e Canoas. Detalhe para as muitas placas de vinícolas próximas dali, mas como já estava escurecendo, decidimos ir embora. No dia seguinte partimos em direção a Francisco Beltrão.

Uma amizade que vai de Delfinópolis/MG a Francisco Beltrão/PR

Partimos em direção à Rodovia Governador Leonel de Moura Brizola, a 386. Quando estava saindo de Porto Alegre tive um sentimento de tristeza por deixar a cidade pra trás, talvez por ter me identificado e com certeza moraria fácil. Paramos num posto pra abastecer, o frentista me deu o papel pra pagamento, continuei arrumando a bagagem e conversando com a Elaine. Saímos e uns 8km pra frente lembro que não paguei o combustível, mas felizmente as rodovias no sul têm retornos com frequência. Voltamos e o frentista que nos atendeu não estava lá, mas o amigo dele disse que estava bem chateado porque iam descontar dele. Falei que esqueci de pagar, pedi desculpas, paguei e o frentista me falou:

“Bah! Parabéns tchê! Principalmente porque você não é do estado”. Não entendi o que ele quis dizer, mas acho que foi algum tipo de bairrismo hehehe.

Conforme íamos nos afastando de Porto Alegre percebi que o estado ficava cada vez mais abandonado, rodovias ruins e pouco desenvolvimento. A área rural sem plantações, talvez não fosse época. Já não havia mais aquele amor pela bandeira do RS.

Atravessamos o estado em direção a Chapecó/SC.

Chapecó_SC
A cidade respira a Chapecoense. Feliz por estar ali.

Quando estávamos decidindo o roteiro, a ideia era dormir em Chapecó, mas 4 meses antes, em Junho, tive a felicidade de conhecer em Delfinópolis/MG, no encontro do VMAS, o Davi e a Elis, um casal de Francisco Beltrão/PR. Decidimos tocar a viagem até a casa deles, cerca de 620km. O Davi foi um grande companheiro em Delfinópolis me ajudando nos momentos difíceis quando estávamos na Serra da Canastra fazendo meu primeiro off. Ali nascia uma amizade. Na noite que foi embora do VMAS disse que se fossemos para o sul as portas da casa dele estariam abertas e realmente foi assim, só não esperava ser tão bem acolhido.

Chegando em Francisco Beltrão_PR
Recompensa pela pilotagem do dia

A estrada até lá foi bem cansativa, com muitas curvas e serras  por São Lourenço. Chegamos já estava anoitecendo e quando encontrei a casa vi o Davi andando pra lá e pra cá, acho que mais ansioso do que eu e quando acelerei a moto deu pra ver a felicidade dele em nos receber. Tinham preparado tudo, inclusive ofereceu o quarto dele pra gente, confesso que fiquei desajeitado, mas não teve como mudar a opinião dele, queria que a gente se sentisse em casa oferecendo todo conforto possível. Falamos sobre a viagem até aquele momento, tomamos uma e ficamos conversando sobre motociclismo até tarde. No outro dia eles foram trabalhar e aproveitamos pra descansar e ficar com o simpático Ducke.

Ducke
O amigável Ducke

Durante o dia saímos pra ir até ao mercado porque falei que a janta seria por minha conta e que faria os meus famosos hambúrgueres no churrasco, modéstia à parte, são muito bons :p.

Burguer - Receita Mats
Batizei de Beltrão Bacon

Quando eles chegaram já estava tudo pronto. Tomamos uma e eles nos mostraram seu álbum de viagens. O Davi e a Elis já viajaram bastante e conheceram diversos países, com certeza é um casal inspirador. Estavam nos contando sobre o próximo projeto para 2020 e eu fiquei surpreendido com tamanha coragem, determinação e amor à viagem sobre duas rodas.  Por enquanto é segredo rsrs.

Davi e Elis
Galera reunida. Davi e Elis

Conversamos até tarde, o Davi meu deu alguns presentes como uma bota de plástico extremamente útil porque pegamos muita chuva até Foz do Iguaçu/PR e o livro: Projeto 5 Continentes. Uma viagem de descobertas pelos confins da terra do autor Raphael Karan.

Livro 5 Continentes Raphael Karan
Um bom livro pra quem precisa juntar coragem pra pegar estrada

É um livro inspirador para motociclistas de longas viagens e para quem tem vontade de viajar, mas falta aquele empurrão. A leitura abre os horizontes e quebra as desculpas que inventamos para não nos aventurarmos nesse mundão. Indico a leitura.

Nos despedimos do casal, agradecemos por toda a acolhida e falamos que esperamos por eles na nossa casa. No outro dia tivemos que partir com dor no coração por deixarmos mais dois amigos pra trás, mas antes o Davi deu a ideia de irmos para Foz do Iguaçu cortando pela Argentina entrando pela cidade de Dionísio Cerqueira até Puerto Iguazu, as cataratas do lado argentino.

Partimos e foi uma viagem de pouco mais de 100km, por uma estrada tranquila, bonita e bem conservada.

Surpresa Argentina e não foi a La Mano de Dios

Chegamos na fronteira e fomos até a cabine, aí veio a surpresa.

Chegada à Argentina
Hermanos não foram tão hermanos
Alfândega
Migraciones
Flecha Prateada na Argentina
Flecha Prateada em sua primeira viagem internacional

A atendente da imigração pediu os documentos pessoais e da moto, entreguei a carteira de motorista e o documento da moto, e ela disse que a CNH não servia para entrar no país e que só poderia entrar se apresentasse o RG ou passaporte. Não tínhamos nenhum dos dois. Ela nos informou que se entrássemos no país sem autorização poderíamos ser deportados. Pode? Imagina ser deportado da Argentina! Fomos até à Polícia Federal do Brasil para tentar resolver a situação, mas o policial, muito prestativo, informou que não tinha jeito e se eu quisesse poderia pedir um passaporte emergencial que ficaria pronto depois de uma semana e custaria mais de R$300,00. O trajeto pela Argentina seria de pouco mais de 150km, mas como tivemos que dar a volta pelo Brasil tivemos que andar 300km indo por Cascavel/PR.

300km = 600km

Confesso que estava puto com aquela história, não digeri muito bem e pra completar rodamos os 300km debaixo de forte chuva na PR- 182 que estava sendo duplicada, tráfego intenso de caminhão e tartarugas amarelas por uns 30km que não permitiam ultrapassagem, ou seja, foram 300km que pareciam 600km porque passamos umas três horas atrás dos caminhões.

A parte boa foi que paramos pra almoçar num restaurante na beira da estrada em Lindoeste/PR pra dar um tempo da chuva e comemos a famosa chuleta, acho que é bisteca de boi com um corte diferente.

Geralmente não almoçamos quando estamos viajando por causa de sono, mas nesse dia abrimos uma exceção.

Chuleta
Experimentando a famosa Chuleta

Continuamos a viagem e o tempo melhorou um pouco na região de Cascavel/PR e entramos na rodovia 277 rumo a Foz, um tapete. Quase chegando em Foz advinha quem voltou agora com mais força ainda, a chuva.

Encaramos a chuva porque ainda precisávamos reservar hospedagem em Foz porque imaginamos que íamos dormir em Puerto Iguazu, na Argentina. A descida até Foz é bem gostosa de fazer e acredito que com tempo seco seja melhor ainda, passamos pela fábrica da Frimeza e com cuidado passamos pelos diversos radares. Finalmente chegamos em Foz e paramos num posto e entendi o propósito de Deus para ter mandado toda aquela água.

Motociclismo – O bem chama o bem

Paramos num posto BR bem na entrada de Foz e falei pra Elaine que precisava descansar um pouco pra poder procurar hospedagem. Na mesa ao lado dois caras estavam tomando umas. Enquanto tirava minha roupa de chuva encharcada, O Marcão, um dos caras, puxou conversa com a gente:

– Oi. Vcs estão viajando de moto?

– Sim!

– Tão vindo de onde?

– Estamos rodando o sul do país a 12 dias. Somos de Rio Preto.

– Conheço. Também sou motociclista.

– Sério? Que massa!

– Escuta. Vcs já têm lugar pra ficar?

– Não. Vamos procurar hospedagem agora.

O Marcão tirou o celular do bolso e começou a fazer ligação para todas as hospedagens da cidade perguntando sobre valor e se tinha vaga. Os preços estavam altos pra gente.

– Piá! Vamos comigo procurar uns hotéis. Conheço alguns, inclusive um que fica do lado do moto clube.

Ele me levou nuns 3 hotéis até que encontramos um num preço legal. Me levou de volta no posto peguei a moto e fomos pro hotel. Agradeci e ele disse que às 20h passava no hotel pra levar a gente pra jantar num evento de motociclismo. Falei blza!

Às 20h em ponto estava lá. Quando chegamos no restaurante estilo fazenda tinha uma mesa cheia de motociclistas. Me apresentou pra todo mundo, alguns ficaram desconfiados, mas logo foram ficando mais amigáveis conforme vinha contando a história da nossa viagem e mostrando as fotos no celular. Um deles falou:

– Cara, vc não podia ter encontrado uma pessoa melhor em Foz.

– Por quê?

– Porque o Marcão e todos nós somos do Brazil Rider’s. E hoje é o encontro estadual da filial Paraná. Seja bem-vindo!

Até então não conhecia o Brazil Rider’s, mas me explicaram que é uma rede de apoio que oferece ajuda mútua aos motociclistas em viagem pelo Brasil e Exterior por meio dos seus integrantes cadastrados no site, porém, não necessariamente atrelado a isso para interagir interna e externamente.

Fiquei pensando que não podia ter encontrado gente melhor. Imagina, cheguei todo molhado, cansado e aparece um cara do Brazil Rider’s pra ajudar e pra completar era o encontro estadual dos caras.

Rolou a janta e fiz amizade com o Brega, um lendário motociclista que faz parte do grupo e é membro honorário do moto clube Quatis das Cataratas, mas antes disso já tinha sido expulso do grupo.

Brazil Rider's
Galera do Brazil Rider’s PR

Motociclistas do Braszil Rider’s e eu ali sentado do lado do Brega, senhor de cabeça branca.

Eu e o Brega ficamos trocando ideia por um longo tempo. Ele me contou das suas façanhas de quando pilotava. Em uma ocasião ele foi pra um evento, acho que no Mato Grosso e enquanto a galera estava dormindo, resolveu ligar a sua moto, acho que uma Yamaha Drag Star 650, tacar fogo no tanque e rodopiar com ela deitada no chão. Meu, na boa, isso me lembrou o Jimi Hendrix tacando fogo na guitarra, só lendas fazem isso rsrsrs. Voltando à história da expulsão do moto clube, os membros votaram pra expulsá-lo porque ele dava zoeira demais! Pode? Mas depois de um tempo voltaram atrás e perceberam que aquela alegria contagiava e era importante pra saúde do moto clube e o nomearam membro honorário. O Brega nos convidou pra ir almoçar na casa dele no outro dia. Passou no hotel, nos pegou porque estava chovendo demais e fomos pra casa dele. Lá também estava o Sampaio, presidente do Brazil Rider’s PR. Ah! O Brega tem esse apelido porque ele é bem brega mesmo, tudo é enfeitado e cheio de firula, ele gosta das coisas desse jeito. Falaram que a moto dele era a mais enfeitada, cheia de caveiras, som etc e a casa dele não poderia ser diferente.

Banheiro Brega
Breguices

A noite fomos nos convidaram para ir na reunião do Quatis das Cataratas pra trocar uma ideia e conhecer o pessoal.

Brega
Bregueando

No outro dia fomos turistar porque também somos filhos de Deus e visitamos o Paraguai.

Resolvemos ir de ônibus até a ponte assim que descemos tivemos a brilhante ideia de pegar um moto táxi pra atravessar. Meu, se você quer saber o que é viver perigosamente pegue um moto táxi pra atravessar pra Ciudad del Este, esses caras são malucos e não têm amor à vida.

A Elaine ficou doida com as lojas de perfume e eu puto com os paraguaios me oferecendo meia, carregador de celular e armas. Gente, onde vou enfiar tanta meia? No …! rsrsrs

Cida no Paraguai
No Paraguai é comum ver lojas que vendem armas. É como ir à padaria comprar uma bomba…de chocolate

Aproveitei para ir na Sport Car colar um adesivo do Motorando (se for lá não deixe de procurar o adesivo) e ver o Baú Lateral Givi E21, mas definitivamente o valor e a instalação não compensa. Melhor comprar no Brasil. Pra falar a verdade não achei muita coisa barata pra moto, só uma boa capa de chuva que paguei R$35,00 e uns capacetes. No Paraguai eles aceitam R$ e $, mas fique esperto com as cotações que eles fazem, sempre procure saber antes quanto está valendo o Dólar no dia para não ser passado pra trás.

Saímos do Paraguai e fomos conhecer os outros pontos turísticos de Foz como o Templo Budista e as Cataratas.

Templo Budista
Shao-Lin
Templo Budista Foz do Iguaçu
Faça silêncio
Templo Budista Foz do Iguaçu 3
Buda
Templo Budista Foz do Iguaçu 2
NA MO A MI TUO FO

As Cataratas do Iguaçu é um parque fora da cidade, mas nada muito longe. Tem estacionamento seguro pra moto pelo preço de R$20,00 pra ficar o dia todo. A entrada custou R$38,00 por pessoa. Você pode comprar os ingressos com cartão de crédito nos totens instalados na entrada.

O ônibus do parque leva os turistas até o início do passeio e de lá é a pé. Realmente é muito bonito, principalmente pela Garganta do Diabo. Se tiver oportunidade, vá pelo menos uma vez.

Cataratas de Foz do Iguaçu 2
Primeira visa das Cataratas do Iguaçu
Cataratas de Foz do Iguaçu
Selfie antes do banho

Cataratas Foz do Iguaçu 3

Garganta do Diabo 2
Garganta do Diabo
Garganta do Diabo 3
Pra que filtro quando se tem um arco-íris particular na foto
Garganta do Diabo
Banho na Garganta do Diabo

Tentamos entrar na Argentina agora por Foz do Iguaçu. Na imigração foi tranquilão e finalmente pudemos “conhecer” a Argentina. Na entrada já mandaram um Cassino, lá é liberado, mas fomos pro centro da cidade e achamos um butequinho.

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A famosa Skol Argentina. Quilmes

No outro dia acordamos bem cedo e o sonho estava chegando ao fim. Saímos de Foz umas 5h50 da manhã, afinal tínhamos pela frente 900km até em casa. Era domingo e a rodovia estava pouco movimentada, andamos bem e por volta das 14h tínhamos andado cerca de 600km, viemos por Maringá/PR e Presidente Prudente/SP. Pra variar pegamos chuva num trecho, mas nada comparado aos outros dias. Entramos no estado de São Paulo e o calor maroto começou a apertar. Nunca tínhamos andado tanto num dia, e por volta dos 750km começou a bater o cansaço e começamos a parar mais vezes.

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Flash na volta pra casa

Quando chegamos em José Bonifácio/SP, 40km pra chegar em Rio Preto, parecia que eram os quilômetros mais longos da jornada.

Finalmente chegamos a Rio Preto e meus pais e catioros estavam nos esperando. Demos aquele abraço demorado e as lágrimas desceram de alegria e a sensação de missão cumprida. Rodamos ao total 4.736km. Fomos e chegamos em Paz.

Saída

Quilometragem Saída

Chegada

Quilometragem Chegada

Chegamos cansados, mas sabe o que estávamos fazendo no outro dia? Planejando a viagem de 2018!

Obrigado por chegar até aqui.  Você é fodão por ler textão.

Não pense duas vezes em fazer sua viagem porque nós só sabemos o tamanho da capacidade de uma pessoa quando o desafio é entregue em suas mãos.

Não é o destino. É o trajeto.

Abs,

MATS

 

8 comentários em “Expedição Dois Malucos e a Flecha Prateada pelo Sul do Brasil – Honda NC750X

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  1. Opa! Estou aqui surfando na Net procurando um lugar aonde posso vender meu rim para completar a grana para eu pegar a NC até terça feira na loja da Honda de minha cidade e acabei achando seu blog! Massa demais!!! Muitas informações úteis sobre viagens e a motoca. Vc fez a viagem pelo sul que eu estou planejando. A NC é uma moto muito importante pra mim e minha esposa, pois alugamos uma em nossa lua de mel em Portugal e rodamos 2300 km com ela, é uma moto que faz parte de nossa história!!! Até janeiro deste ano tínhamos uma.xj6, mas a idade chegou e não estava mais dando conta dela. Vou ver se consigo fechar a compra até terça e rodar bastante!!! Parabéns pelo blog!!! Bons ventos! Abcs

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    1. Fala Luiz! Tudo bem? E aew, deu certo de pegar o segundo amor da sua vida? Rsrs Fico feliz em poder compartilhar as experiências e ajudar os amigos motociclistas. Nossa, em Portugal deve ter sido uma experiência incrível e com muitas paisagens bonitas! A viagem pelo sul é incrível e vcs vão curtir com certeza. Vai devagar pra curtir cada cidade! Grande Abs e bons ventos!

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  2. Parabéns pela viagem e o perfeito relato por onde passou. Também tenho uma NC750x 17/18. Uma jóia de moto. Conheço, já visitei muitas vezes, a Serra do Rio do Rastro e Corvo Branco. Vale a pena conhecer. Abraço a Você e a sua guerreira esposa que encarou essa viagem com você. Quem sabe um dia nos encontramos por este Brasil afora.

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    1. Fala Paulo! Blz? Q legal cara! Sabe do q estou falando sobre como é gostosoandar por essas estradas! Faz o Rastro da Serpente hein! É muito legal. A minha garupa não tem palavras, ela só fala: Simbora! E olha q ela tem um salão de beleza hein! Pensa numa mulher desprendida de vaidade e focada nas belezas desse mundão! Hahahaha! Vamos nos ver sim por essas estradas do mundo! Abraço meu amigo!

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